Parece que finalmente as torcidas organizadas mostraram a que vieram e para que servem. Na ausência do futebol que ainda lhes dá razão de existir, em virtude da pandemia, elas, com seus “associados” – alguns vândalos e bandidos, sendo alguns assassinos – resolveram aderir ao movimento da Esquerda – na realidade nem só a esquerda, há também os que seriam de direita, mas que por algum motivo não apoiam o governo Bolsonaro. Perfeito, isto é democracia.
Conflito entre Torcidas Organizadas
Não, de forma alguma estou chamando o movimento Antifas de assassinos e vândalos. Longe disso, mas, cá pra nós, permitir que as torcidas organizadas se juntem ao seu movimento (e a gente sabe pra quê) é querer desmoralizar seu próprio objetivo da manifestação.
Há uma outra interpretação, que tem que ser examinada com cuidado, de que elas seriam OPOSIÇÃO. Antifas! Uma corruptela de antifascista.
Antes havia os Black blocs, agora são Antifas… muda-se a nomenclatura, mas os atos são os mesmos. Baderneiros, não todos é claro, mas quem depreda, incendeia, agride, etc, não pode ser chamado de outra coisa…
Antifas?
Mas oposição a quem? ou a quê? Abstinência do futebol ou oposição ao governo Bolsonaro? Virou um Fla x Flu, ou um Corinthians x Palmeiras, um Gre-Nal e outros aí pelo Brasil?
Torcida é paixão. Política é ideologia! Juntar os dois, não pode dar certo. Uma usa o coração, a outra, o cérebro (quando há)… sim, eles trabalham juntos, mas até o coração depende do cérebro, ou seja, a razão pode e deve influir e conter a paixão… quando nos apaixonamos como adolescentes, fazemos um monte de besteiras, lembram deste tempo???
Quando ainda estávamos na Ditadura, época inesquecível, para muitos (alguns pro bem e outros pro mal, dependendo de que lado você se enquadre), a oposição, à época, era reprimida, na maioria das vezes violentamente. Participei de algumas. Mas não é esta a nossa realidade hoje.
A morte de George Floyd, em Minneapolis detonou uma grande crise de manifestações, primeiramente na própria cidade, depois no estado Minnesota e, posterior e seguidamente, pelos demais estados e cidades dos EUA e em diversos países pelo mundo, inclusive o Brasil.
É claro que muitos, não estavam “preocupados” só com a morte (ou a forma dela) de George, mas sim com o motivo – racismo -, sabidamente exacerbado nos EUA e, no resto do mundo, muitos sub-repticiamente, como no Brasil e em outros países do mundo.
Em função e, talvez por causa disso, as manifestações semanais pró-governo (e aí, no caso, não importa se o Presidente é Bolsonaro ou não e sim se estamos em governo de Direita ou de Esquerda aqui no Brasil ou Republicanos e Democratas, como conservadores e “liberais” nos EUA) passaram a ser o termômetro de como andava a aprovação (ou não) do governo Bolsonaro.
O “DataFalha” fez questão de dizer que 70% estava contra o governo. Vou me poupar e aos leitores de explicar a excelente coluna desta semana do Joseph Agamol no Boletim que explica, matemática e logicamente, como se compõem estes 70%. Vejam e decidam. Não deixem de ler e pensar. Muito legal.
Bem, mas aqui vou voltar ao assunto de meu texto: a participação das torcidas organizadas nas manifestações políticas.
Isso não é novidade. Em 1981, no Corinthians acabava a gestão de Vicente Matheus na presidência, e Waldemar Pires foi eleito para assumir o clube. Pires escolheu um sociólogo como diretor de futebol do time, Adilson Monteiro Alves. Adilson primava por ouvir os jogadores e outros membros da equipe corintiana. Somando este fator à presença de jogadores politizados no elenco, como Sócrates e Wladimir, iniciou-se, dessa forma, uma revolução dentro do Corinthians.
Isto fez história, mas parece que os jovens de hoje, ou não se informaram corretamente, ou preferiram ignorar o real sentido da palavra DEMOCRACIA, defendida à época.
Acho perfeitas e legais as manifestações pró e contra o governo. São saudáveis e democráticas. Como sempre digo, a alternância de poderes só fortalece a democracia. Já estou ficando chato de tanto repetir esta frase.
No entanto, agendar manifestações de qualquer dos lados, para o mesmo dia, para o mesmo local do que uma ou outra já marcou, acho PROVOCAÇÃO, e, assim sendo, acho que a polícia precisa SIM agir de forma mais intensa do que o normal.
Especialistas explicam e ensinam que há níveis de resposta que a polícia pode e deve usar ao enfrentar alguma manifestação. Desde a simples presença intimidativa com cassetetes batendo em escudos, passando por bombas de fumaça, depois bombas de gás lacrimogênio, depois balas de borracha e depois o confronto um a um… até que, em determinadas situações, uma Força Especial, armada com armas letais pode ser usada se os limites forem ultrapassados, mas isto só justificadamente e em último caso e, mesmo assim, em resposta a uma agressão do mesmo nível…
Isso não pode terminar bem pra nenhum dos lados… Pra começar, não deveriam haver lados… ok, um lado a favor do governo e outro contra… perfeitamente aceitável, mas ambas ações têm que ser medidas, nunca podem ser extremas.
No caso atual, as torcidas organizadas passaram a integrar a oposição. É um direito delas se posicionarem politicamente, embora eu ache que política e futebol são coisas diferentes. Uma é regime político e a outra é um esporte, torcer, vibrar, sofrer. Repito: Torcida é paixão. Política é ideologia!
Mas programar uma manifestação política para o mesmo dia, mesma hora e local da manifestação que estará sendo feita outra, como habitualmente faz, naquele lugar, naquela hora… demonstra a vontade de confrontação. Isso é inaceitável. Parabéns ao Governador Dória (e me dói dizer isso) pela decisão de, doravante, não permitir manifestações simultâneas em mesmos locais.
Todos sabemos que as manifestações em favor do presidente Bolsonaro e contra os Poderes, em particular o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional, são promovidas por grupos conservadores (muitos extrapolando), assim como os das manifestações em contrário, que são “patrocinadas” pela esquerda (partidos e movimentos por eles financiados, como MST, MTST, CUT et caterva). Alguma dúvida? Sempre foi assim nos governos petistas.
Torcidas organizadas, objeto da repulsa unânime da sociedade pelos atos de extrema violência que praticam e praticaram até agora, dentro e fora do estádio, passaram a serem saudadas por muitos como mais um grupo em reforço aos que se opõem ao governo.
Estranha louvação esta. Que não se perca de vista que muitas dessas organizações já foram extintas pela Justiça, e que algumas delas se encontram à margem da lei, com muitos de seus integrantes presos até por assassinatos.
Finalmente as torcidas organizadas disseram a que vieram. Teriam elas a cor vermelha por baixo das camisas de seus times? Seria uma fuga do vermelho, tão malfadado nos últimos tempos, símbolo da Esquerda Brasileira tão desacreditada pelos últimos 13 anos no poder?
Aceitem quem quiser! Eu, tô fora! Pra mim, futebol é uma coisa e política é outra, totalmente diferentes, mas respeito o direito de cada um pensar o contrário…
Como disse Voltaire: “Eu discordo do que você diz, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-lo”.
Desculpem, não era para ter parágrafo agora, mas quero, humildemente, deixar a minha frase destacada neste texto: Torcida é paixão. Política é ideologia!
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