23 de abril de 2024
Editorial

Petrobras, caminhoneiros, governo e o povo no meio disso tudo

Foto: Arquivo Google – Revista News

A desvalorização da moeda e a disparada do preço do petróleo criaram uma sinuca de bico para o governo. O erro que não deve ser incorrido, pois jogou a Petrobras no fundo do poço, é forçar a petroleira a alterar a sua política de preço, que desde julho de 2017 vem repassando diariamente as oscilações ocorridas na commodity para os distribuidores, assim como todas as maiores distribuidoras de petróleo dos países desenvolvidos. Essa eventual solução populista, bem ao gosto do governo anterior, é falsa, pois despreza a realidade; é injusta com a maioria da população, que no fim das contas arcará com o subsídio, que em vez de coibir estimula o consumo.
O brasileiro, acostumado com a intervenção do Estado na economia, não se conforma com a ação da lei da oferta e da procura sobre preços. Se o do petróleo, pela redução da oferta e manutenção da demanda, sobe no mundo, naturalmente que há de subir o preço dos derivados no Brasil. Para que tal não acontecesse, seria necessário que a Petrobras vendesse diesel com prejuízo, como nos tempos de Lula/Dilma, ou que o Estado, isto é, os pagadores de impostos, subsidiasse o consumo deste combustível. E se o dólar, mais procurado do que ofertado, sobe de preço em relação ao real, o preço em real de insumos importados também sobe. Não pode ser de outro jeito!
A estratégia política para reduzir o preço do diesel não é baixar imposto, mas sim remanejar imposto. Descobrir um santo para cobrir outro. Será necessário reduzir gastos públicos. O governo tem gordura e pode emagrecer sem prejudicar o funcionamento.
A reação à greve de caminhoneiros é típica dos nossos governos. As empresas que passarão a ser mais oneradas pelos impostos eliminados do diesel não fazem greve, e terão que transferir os aumentos de custo a seus preços finais, ou seja, a todos nós. Grupos de pressão acabam sendo beneficiados, em detrimento do restante da população. Assim são as isenções fiscais, o favorecimento aos lobbies dos bancos, da indústria automobilística, dos planos de saúde, das empresas de telecomunicações, de castas privilegiadas do serviço público. Os interesses difusos, que envolvem a imensa maioria da população, são sempre os grandes prejudicados. A propósito, as transportadoras não estão no rol das empresas que serão reoneradas. Curioso, né? Isto está me cheirando a Lockout!
Merece apoio o movimento dos caminhoneiros, cuja atividade é essencial à circulação interna de tudo o que se produz no país e também do que se exporta. Para se manter o preço dos combustíveis em níveis compatíveis deve-se estabelecer limite nos penduricalhos fiscais adicionados por União, estados e municípios, que aumentam o preço de sua produção pelas refinarias e oneram o consumidor. É absurdo que os abutres da arrecadação ataquem vorazmente qualquer produto de consumo sem medir consequências para os consumidores.No Rio de Janeiro, como exemplo, só o ICMS sobre os combustíveis é de 29%.
Parece brincadeira, mas não é.

Valter Bernat

Advogado, analista de TI e editor do site.

Advogado, analista de TI e editor do site.

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