13 de outubro de 2024
Editorial

Hackers, arapongas e Operação Spoofing

Imagem: Arquivo Google – Revista Segurança

Se alguém pensa que tem privacidade usando a internet ou celular com aplicativo que navegue na rede, está enganado. Não há privacidade em WhatsApp, Telegram ou qualquer outro aplicativo. Todos os que já trocaram de celular e quiseram restaurar seus contatos e conversas nos aplicativos já verificaram que a segurança é nenhuma. Assim como o dono do antigo telefone consegue recuperar esses conteúdos, um criminoso sem grande aptidão cibernética é também capaz de fazer o mesmo. Parece que as autoridades brasileiras não têm a menor noção do perigo de usar a rede para qualquer procedimento.
A prisão dos hackers que invadiram mais de mil linhas de telefones e aplicativos de autoridades e jornalistas tem que ser muito bem apurada. É um crime gravíssimo que atenta contra a estabilidade democrática do país, além de colocar em xeque a Justiça e a credibilidade da imprensa.
A movimentação de altas somas de dinheiro nas contas dos criminosos merece atenção, pois é sempre no caminho do dinheiro que se acham os mandantes. Como diz o FBI nos filmes: “Follow the money”. O que não pode é o PT e o ex-deputado Jean Wyllys se pronunciarem como vítimas de armação política. Crime é crime, não tem ideologia.
O caso dos hackers lembra muito o escândalo dos aloprados, em 2006, quando integrantes do PT foram acusados de comprar um falso dossiê envolvendo o candidato do PSDB ao governo paulista, José Serra, relacionando-o ao escândalo dos sanguessugas, visando beneficiar o petista Aloizio Mercadante.
A ação dos “aloprados cibernéticos” visa, claramente, desestabilizar o atual governo e comprometer os auspiciosos resultados da Operação Lava-Jato. É absolutamente necessário descobrir quem financiou os hackers.
Vivemos uma situação interessante e, seja de que lado estejamos ou apoiemos, temos que reconhecer que o caso atual é semelhante ao acontecido quando Moro, ainda como juiz, publicou a conversa de Lula com a então presidente Dilma, em que, por sinal, tinha autorização judicial mas fora captada fora do prazo, a esquerda queria processar o magistrado.As palavras “tinha autorização judicial” são a chave para diferenciar os dois casos.
A escuta não poderia ser usada como prova porque seria ilegal. Agora, no caso atual dos áudios, temos confirmada a origem criminosa, mas querem utilizar seu conteúdo para mudar decisões, soltar Lula e processar Moro. Então agora é legal?
Se têm origem criminosa, como se pode achar que uma é criminosa e a outra não?
Poder produzir todos esses efeitos ou é só questão de conveniência ideológica?

Valter Bernat

Advogado, analista de TI e editor do site.

Advogado, analista de TI e editor do site.

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