Vivemos num estado de guerra urbana, com a bandidagem desfilando armada e utilizando os moradores das comunidades como escudos humanos. Arrastões grassam pela cidade inteira. Nos engarrafamentos, nos pontos de ônibus, nos restaurantes, enfim, estamos sitiados pelos bandidos. Agora, as Forças Armadas são colocadas para intervir no problema e um segmento da sociedade, inclusive formadores de opinião, põe uma série de regras: os soldados não podem prender, não podem atirar e nas suas buscas devem portar um mandado judicial específico numa região composta de vielas, becos e ruas sem nome e sem numeração. Essas pessoas, por motivos de medo ou outros, não querem resolver o problema.
A intervenção na segurança do Rio de Janeiro tem que ser ampla, geral e irrestrita e, principalmente, chegar nos três Poderes do estado. O tráfico e o roubo de cargas são apenas a ponta do iceberg da violência no Rio. A impunidade e a corrupção em todos os níveis destroem qualquer estrutura social, moral e ética da sociedade e de um país. Acredito que a intervenção seja a última esperança do cidadão do Rio de Janeiro de voltar a ter a autoestima e o amor pela cidade renovados.
Uma ação de guerra como a que está por vir ao Rio, pelos como riscos que envolve, não deve ser explicada e muito menos divulgada. Caso contrário, estaremos prestes a assistir a mais um “Corra que a polícia vem aí”. Quem tem que se mandar sai fora, e fica tudo tranquilo. Ao fim da intervenção, voltaremos à guerra urbana. Já vimos isso acontecer quando houve a instalação das promissoras UPPs. A situação é muito grave, e o que está em jogo é a vida de todos nós que vivemos no Rio de Janeiro. Que os políticos que até agora nada fizeram não atrapalhem.
Caso o militar, comandante da cena da ação, decida neutralizar o inimigo (ou alguém acha que um indivíduo armado com pistola ou fuzil à mostra não é um inimigo hostil?) e exista um mandado coletivo de busca e apreensão, a intervenção no RJ certamente apresentará resultados. Porém, sem que os legisladores providenciem urgentemente a alteração das leis penais, ineficientes e lenientes, as conquistas se esvairão e voltaremos à situação atual. Se as excelências, em vez de objetivar benesses, cargos e dinheiro a rodo para manter seu foro privilegiado, tomarem as providências necessárias, o povo obterá vitórias sobre a criminalidade. Caso contrário, não!
A dificuldade de prender os bandidos vem do fato de se esconderem com suas poderosas armas nas casas dos moradores das comunidades. Sem o mandado coletivo não há como prendê-los e confiscar suas metralhadoras. O que se impõe é a civilidade na hora da revista, com respeito e educação. Já os políticos morrem de medo do mandado, pois, se a polícia adentrar suas casas sem aviso prévio não sobrará um. Mas o Brasil ficaria livre dos bandidos de baixo e dos de cima, com amplas possibilidades de engrenar a primeira e demais marchas.
A preocupação com a conduta dos militares durante a intervenção, mostra que continua sendo esquecido o fato de que elas só são necessárias em áreas onde o banditismo revogou a ordem jurídica e os direitos humanos. Haja vista a frequente aplicação de penas de morte, os bloqueios de vias públicas e a extorsão de moradores com cobranças abusivas feitas pelos traficantes.
O resgate da cidadania nestas áreas não poderá ser feito só com mandados judiciais determinando que cessem tais práticas delitivas. Deve ser sempre considerado que os malfeitores são os bandidos, não os militares!
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