10 de fevereiro de 2025
Editorial

A jogada ensaiada

Usando uma metáfora do futebol, estamos tendo a execução de uma jogada bem ensaiada nos treinos e executada com perfeição durante o jogo. É claro que, na verdade, estou falando de Lula e Flavio Dino (Executivo e Judiciário).

Foto: Jovem Pan

Nesta jogada, Lula libera as emendas para que parlamentares votem os projetos do governo, e, depois dos votos, o ministro Dino proíbe a farta distribuição de dinheiro, ajudando a cumprir o arcabouço fiscal.

Em Brasília, o mundo encantado, a “Corte” vive regada a privilégios, o nosso trabalho é pagar a conta.

O Poder Judiciário é o propagador da insegurança jurídica do país, além de ser o Judiciário mais caro do mundo com seus privilégios, super salários e penduricalhos, deixa de atuar como guardião da Constituição, tornando-se reduto do ativismo judiciário, onde imperam decisões arbitrárias (monocráticas) e o desrespeito ao devido processo legal.

Através das Emendas Pix – chamadas de “Orçamento Secreto” no governo anterior – praticamente irrastreáveis, o Orçamento destina essa fábula de dinheiro a municípios dominados por asseclas que, certamente, agradecerão ao parlamentar pela obtenção desses recursos. E, ao chegar aos caixas municipais, se perderão (desculpem, mas odeio mesóclise, que seria a indicada) nos processos licitatórios suspeitos e fraudados, vencidos por empresas que serão gratas ao parlamentar que as orientou no processo.

Já tivemos Congressos ruins, mas nunca tivemos um tão vergonhoso, como este. 90% são caras de pau, cínicos, corruptos, ladrões, etc. Eles se dividem em gangues, que chamam de “bancadas”, como a do agro, a da bala, a dos evangélicos entre outras…

É deprimente ver como se rouba o dinheiro do povo neste país, na caradura. Acho que nem os portugueses roubaram tanto quanto esses caras. Tudo em benefício próprio. Ou os Judiciários estaduais e federais são incompetentes ou coniventes. Alguém tem que dar um basta!

É de envergonhar frade de pedra, como diria minha avó, a forma como os parlamentares buscam destinar bilhões de reais do Orçamento da União para obras em seus redutos eleitorais.

No entanto, o Poder Judiciário, o mais poderoso dos poderes constitucionais, através de Flávio Dino, fez o “combinado” e enquadrou o Congresso, pois os líderes dos partidos seguem afrontando decisões da Corte sobre a destinação das Emendas de Comissão, que continuam sem transparência e rastreabilidade, contrariando o que foi estabelecido pelo STF em 2022.

Dino suspendeu a liberação de R$ 4,2 bilhões dessas emendas. Ponto pra ele. Enquanto congressistas reagem dizendo que vão recorrer da decisão, Dino pede que a Polícia Federal abra inquérito para investigar a destinação dos recursos, já que denúncias feitas pela imprensa indicam atos de corrupção com o dinheiro dos contribuintes.

Felizmente alguém teve coragem (e respaldo) para diminuir, já que é quase impossível acabar com a festa das emendas parlamentares. A vergonha que grassa em nosso país engana nosso povo, principalmente nos estados mais pobres, onde senhores e coronéis cada vez enriquecem mais e se perpetuam no poder seus parceiros de política e a vasta turma que “só pensa naquilo”.

Gostaria de ver todos os ministros do STF com a mesma determinação sobre os diversos desvios de verbas já denunciados de outros parlamentares, governantes, empresários e demais corruptos, mas sigamos em frente.

Diante disso, em 2025, dias difíceis virão, com Congresso, STF e Lula, cada um querendo seu naco de poder. De novo o STF se mantendo como o “maior poder”!

O Poder Legislativo, em suas três instâncias (federal, estadual e municipal) é como casa infestada – com raríssimas exceções – de oportunistas.

Agora, Arthur Lira, louco para driblar a determinação de Dino, convocou os deputados, em pleno recesso, para, certamente, estudarem uma artimanha para se esquivar da decisão judicial.

Então ficamos assim: os traficantes ficam com o mercado de drogas, os milicianos, com a venda de “proteção” e outros achaques, e o Congresso “assalta” a sociedade.

Tá bom pra você?

Valter Bernat

Advogado, analista de TI e editor do site.

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Advogado, analista de TI e editor do site.

1 Comentário

  • […] O ex-ministro da Justiça e fiel aliado de Lula – ministro Flávio Dino – tornou-se peça fundamental no STF para o governo retomar, ao menos em parte, o controle da liberação das emendas parlamentares. Ele impôs uma contundente derrota ao presidente da Câmara que vinha usando, impunemente, as emendas parlamentares, como moeda de troca para o Centrão. Aquela jogada ensaiada que falei no editorial passado. […]

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