6 de maio de 2024
Editorial

A amnésia coletiva

Imagem: Google Imagens – Superesports

N.E.: Antes de iniciar, uma correção no texto da imagem acima: em lugar de “O povo brasileiro mostrou ao mundo que apóia a corrupção e a criminalidade”, devemos ler: “Menos da metade do povo brasileiro apoia a corrupção e a criminalidade”. Explico.

Em ordem de grandeza: Lula teve mais de 59mi de votos. O eleitorado brasileiro, declarado pelo TSE, é de mais de 156mi. Logo, numa simples conta matemática, vemos que 97mi não o queriam na presidência, aí somados os votos no PR, os nulos, os brancos e as abstenções. É fato que os nulos, brancos e abstenções não queriam qualquer dos dois candidatos.

Feita a correção e o esclarecimento, sigamos.

A amnésia é um sintoma de algumas doenças degenerativas do cérebro, tais como: a Doença de Alzheimer, o Acidente Vascular Cerebral (AVC) e a Encefalite. A amnésia pode ser causada, também, por uma infecção viral. No entanto, quando ela se manifesta coletivamente, ela se torna altamente perigosa, pois pode, como em nosso caso atual, comprometer o futuro de um país inteiro.

Para entrar neste mérito, primeiramente, precisamos entender a diferença entre processo anulado e réu inocentado.

A semântica dos termos já dá uma pista da diferença. Quando um processo é anulado, significa que algumas “coisas” durante seu curso não foram de acordo com os Códigos de Processo Civil ou Penal. Ao contrário, a inocência é quando há um julgamento em que se declara, diante todas as provas, que o réu não cometeu aquele crime, no caso, aqueles crimes.

No caso de Lula, o processo foi anulado por um problema de “CEP”. Isso mesmo, o CEP, ou seja, a sua localização. Uma metáfora para “competência”.

Mesmo depois que 10 juízes o condenaram, inclusive os plenários do STJ e do STF, um dos ministros do STF, em mais uma decisão monocrática, num dos inúmeros recursos, decidiu que todo o conteúdo do processo – as provas e depoimentos colhidos – não poderiam ter sido colhidos pelo Juízo da 13a Vara Federal de Curitiba e sim por uma Vara Federal de Brasília, decisão ratificada pelo pleno do STF, retificando sua decisão anterior de condenação.

Ora, o processo corria há anos, sempre com condenações efetivas. Inclusive no STJ, a pena foi aumentada em relação à condenação anterior, o que foi ratificado pelo STF. Ninguém se preocupou com o CEP? Nenhum dos tribunais que o julgaram? No mínimo estranho…

No entanto acho que isso não ficou bem claro para os eleitores de Lula. Quero crer que ninguém votaria num réu comprovadamente condenado por tantos crimes. Não vou descrevê-los porque seria chover no molhado. Todos os conhecem e assistiram às condenações.

Portanto, em primeiro lugar: Lula não foi inocentado, logo os brasileiros que votaram nele, não conheciam tais crimes ou os aprovaram, já que permitiram “a sua volta à cena do crime”, aliás como disse o seu atual vice Alckmin quando contra ele concorreu.

A tomada do poder foi consumada, não com um golpe militar como a esquerda preconizava, mas aquele urdido pela mídia consorciada e apoiado por algumas decisões do nosso Judiciário, provocado ou não…

A mídia consorciada, principalmente a Rede Bobo (a de maior audiência nacional), mais aliada do que nunca, deve estar vibrando, afinal a farra do BNDES, Banco do Brasil, Caixa Econômica, Banco do Nordeste e BASA vai voltar. Atuarão “em prol do desenvolvimento”. De quem? Aqueles empréstimos e financiamentos a juros quase zero, com carências monstruosas e prazos a perder de vista, sem qualquer punição para a sua inadimplência, irão voltar.

Sim, seria difícil, muito difícil vencer.

Numa democracia normal, com votos (eletrônicos ou não), o perdedor, por um percentual tão pequeno, pediria a recontagem dos votos, mas… OPS! Aqui isto não é possível. Por quê? Simplesmente porque não existe como recontar, já que as nossa urnas não permitem a impressão dos votos, permitindo uma possível recontagem física dos votos. Temos que acreditar nos BUs. É isso e pronto! Não quero dizer que com a recontagem o PR venceria, mas ratificaria o processo eleitoral por inteiro, não?

Vimos, de novo, que o povo nordestino prefere “promessa de picanha e cerveja”. Não consigo entender. Eles recebiam 120 reais por pessoa do Bolsa Família e agora recebem 600 reais do Auxílio Brasil, com um acréscimo por cada filho na escola, e ainda assim não votaram no atual governo? Não vai aí nenhuma afirmação discriminatória contra nossos irmãos nordestinos. Eles têm o direito de votar como todo o resto do país. Apenas uma constatação com relação ao programa social a que eles pertencem.

Quanto a este problema, vale lembrar que o TSE não permitiu a troca dos cartões de benefício onde constava a logo “Bolsa Família” para o cartão com a logo “Auxílio Brasil”, o que deve ter feito com que o povo mais humilde e sem a devida informação, votasse em quem – para eles – pagava seu benefício, no caso o Bolsa Família, mas que na verdade saía do fundo para o Auxílio Brasil. Isso seria vital e importante para Bolsonaro no nordeste. Não foi permitido, aliás, foi proibido pelo TSE! A logo BOLSA FAMÍLIA associa a Lula e a AUXÍLIO BRASIL a Bolsonaro. Isso é fato! O cartão na mão com a logo indevida, com certeza, determinou muitos votos!

Não adiantou ganhar em 4 das 5 regiões. A diferença no nordeste, a favor de Lula, foi fundamental. Na Bahia, por exemplo, Lula teve 70,73%, enquanto Bolsonaro teve 29,27%. Uma vitória acachapante!

A diferença geral no 1o turno foi de 6mi de votos. No 2o turno, ela foi de 2mi, ou seja, o PR conseguiu recuperar mais de 4mi de votos, mas não foi suficiente.

As atuais manifestações populares são uma demonstração democrática sim, do inconformismo desta parte da população com o resultado e do repúdio à parte do atual sistema eleitoral. No entanto, elas, embora democráticas – onde se permite a livre manifestação – ferem a Constituição quando impedem o direito de ir e vir de outrem e pedem um golpe militar. O país sofre. O abastecimento sofre e o povo acaba sofrendo. E não leva a nada.

É óbvio que não haverá outra eleição como estão pedindo e muito menos um golpe ou uma intervenção militar. Os tempos são outros.

Valter Bernat

Advogado, analista de TI e editor do site.

Advogado, analista de TI e editor do site.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *