Um artigo recente, publicado em revistas especializadas e jornais de grande circulação, afirmava que o consumo de bebidas alcoólicas, vinhos inclusive, em qualquer quantidade, é prejudicial à saúde.
Mais uma tentativa de desmontar o famoso mito, chamado de Paradoxo Francês: 1 taça por dia de vinho faz muito bem à saúde.
Quem está com a razão?
Gosto de avaliar estes problemas desde a origem. Fico com uma incômoda curiosidade e me pergunto, quem poderia promover um estudo em grande escala, em pleno século XXI, sobre os efeitos do álcool no corpo humano.
A melhor resposta, na minha opinião, está nos Movimentos da Temperança, muito populares a partir de 1820. Conseguiram aprovar várias leis, em diversos países, proibindo o consumo de bebidas alcoólicas, apostas em jogos de azar, consumo de drogas, inclusive tabaco, tudo em busca de uma vida perfeita. Obviamente, eram calcados em princípios religiosos.
Alguma coisa me diz que estamos voltando a estes velhos tempos.
Esta coluna vai se “abster” de publicar qualquer outra nota sobre este tema. Não há mais como verificar o que é bom ou ruim.
Fica uma única recomendação: consuma com moderação.
Enquanto uma faceta da evolução cultural olha para trás, outra olha para o futuro, sempre em busca de novas soluções tecnológicas que melhorem a vida de todos.
O cultivo de uvas viníferas e a produção de vinhos têm evoluído muito nos últimos anos, graças a múltiplas pesquisas que entregaram resultados fantásticos, permitindo que o Wine Business, antes restrito a uma estreita faixa geográfica, pudesse ser desenvolvido em todo o mundo, com excelentes resultados.
Tecnologia de ponta.
Um dos mitos mais tradicionais, o da safra, está passando por uma reavaliação por conta destas inovações. Hoje pode se fazer um grande vinho a partir de qualquer condição climática ou de terroir: a safra deixou de ser determinante na escolha de um vinho.
A frase, “19xx foi um grande ano”, virou cartão de visitas dos Enochatos.
Como consequência, duas tradicionais afirmações ou mitos, deixam de ter sentido:
– Os vinhos desta ou aquela região, são os melhores deste ano;
– Uma determinada casta é escolhida como a melhor da temporada.
É fácil compreender que estas colocações estão ficando fora de contexto. Não há mais uma razão objetiva para esta preferência setorizada. Com a tecnologia existente, podemos obter vinhos interessantes em qualquer lugar e em qualquer época.
Para melhorar as coisas, castas que ficaram esquecidas, por serem de difícil cultivo ou complicadas para se utilizar na vinificação, ressurgem, ainda que modestamente, mas com grande potencial.
As castas nobres que se cuidem…
Para terminar esta revisão de alguns mitos, não podemos deixar de abordar o tema “fechamento das garrafas”.
Entre as falhas mais temidas pelos vinhateiros está a contaminação da rolha de cortiça por TCA ou Tricloroanisol, um composto químico decorrente da presença de fungos na cortiça.
Deixou de ser um problema grave.
Uma das melhores notícias recentes é que já existem rolhas à prova de TCA. Diversos produtores já as disponibilizam para seus clientes.
Isto reduz, consideravelmente, as discussões sobre qual o melhor método de fechamento de uma garrafa. A escolha passa a ser quase que por motivos de preço final ao consumidor. Dependendo do local de produção, umas das múltiplas soluções existentes no mercado, pode ser a ideal.
Tecnicamente, as diferenças de resultados obtidos entre cortiça, materiais sintéticos, vidro ou a polêmica, mas eficiente, tampa de rosca, ficam no campo dos detalhes imperceptíveis para o consumidor comum.
Termino como comecei: “In Vino Veritas”.
Saúde e bons vinhos!
Vinho da Semana: um interessante italiano, elaborado com uvas pouco conhecidas – Groppello, Marzemino e um pouco de Barbera e Sangiovese
“Pió” de Terre é uma medida de superfície muito comum na Lombardia. Os produtores deste ótimo vinho consideram que “3 Pió” é uma medida ideal.
Encorpado, frutado, boa acidez e taninos na medida. Harmoniza bem com carnes, peixes em molhos suculentos e queijos maduros.
100% vegano.
Compre aqui: www.vinhosite.com.br
Engenheiro, Sommelier, Barista e Queijeiro. Atualiza seus conhecimentos nos principais polos produtores do mundo. Organiza cursos, oficinas, palestras, cartas de vinho além de almoços ou jantares harmonizados.