5 de maio de 2024
Vinhos

Mendoza 2023: dia 3

A foto que abre este texto é da Casa Vigil, área que recebe os visitantes da Bodega Aleanna, onde os famosos vinhos El Enemigo e Gran Enemigo são elaborados. Esta foi a última visita deste terceiro dia e um grande almoço.

Começamos, cedinho, com uma grata surpresa, conhecemos a Viña Alicia, uma vinícola boutique de altíssimo nível.

Uma exclusividade!

Sua história é maravilhosa. Alícia é o nome da esposa de Alberto Arizu e, tecnicamente a “dona” desta bodega. Aqui, Alberto, um dos grandes nomes do vinho argentino (Luigi Bosca), consegue realizar os seus mais incríveis sonhos, dando vazão a toda sua criatividade enológica, uma verdadeira utopia.

Em apenas 25 hectares consegue produzir vinhos inacreditáveis que remontam às origens europeias da família Arizu. São castas nada habituais nesta região: Nebbiolo, Grenache Noir, Carignan, Riesling, Alabriño, Savagnin, e algumas outras.

Além deste vinhedo, controlam um outro de vinhas velhas de Malbec, em Las Compuertas, onde descobriram uma raridade: algumas plantas eram das mudas originais de “Cot”, nome francês da Malbec. Estas vinhas se adaptaram de uma forma diferente ao terroir mendocino, dando origem ao que chamam de “Brote Negro”.

A vista é muito interessante do ponto de vista histórico. Somos levados para a sala de degustação, onde nos explicam, com todos os detalhes, a razão de existir da Viña Alicia. Cada vinho elaborado aqui tem um sentido, sendo que alguns nunca serão comercializados. Foram criados para seus netos, como uma herança, sobretudo porque Alberto colocou, em cada garrafa, a sua visão da personalidade de cada um. Espetacular.

A imagem a seguir, com alguns reflexos, por ter sido obtida através de um vidro, mostra a área de produção da empresa.

Provamos três vinhos, todos deliciosos:

Um Chardonnay safra 2017 que, apesar da idade, estava impecável. Nenhuma cor alterada e nem reflexos de amadurecimento. Inacreditável.

O Malbec era safra 2014. Tanto no aroma quanto no paladar parecia um vinho jovem.

O último vinho foi um corte, o Morena 2013, 88% de cinco clones diferentes de Cabernet Sauvignon, e 12% de dois clones de Cabernet Franc. Um vinho de sonhos.

A próxima visita foi na Bodega Alandes, de Karim Mussi, um dos Enólogos mais respeitados da Argentina e professor de muitos outros que hoje fazem vinhos de sucesso.

Karim foi o grande incentivador do uso de tanques de concreto para fermentar os vinhos em Mendoza. Visto com ceticismo, no início, foi ele que abriu as portas para as técnicas mais modernas em uso hoje.

Tornou-se um empresário, controlando uma série de vinícolas e rótulos reconhecidos em todo o mundo: Alandes, Altocedro, Qaramy, Abras (em Salta) e mais alguns outros.

A visita é algo nostálgica, mostrando um pouco da vida em outros tempos.

A foto mostra a área de carga dos tanques de fermentação da antiga bodega. Junto aos dois toneis de madeira fizemos da primeira degustação, de um vinho que está ali para ser mostrado aos visitantes (estava levemente oxidado). Seguimos para uma confortável sala de degustação onde provamos outros 4 vinhos.

Alandes Paradoux Blend, composto de Semillon e Sauvignon Blanc; Finca Qaramy, um corte de Malbec, Cabernet Sauvignon e Syrah; Altocedro Finca Los Turcos, 100% Malbec de vinhas com mais de 80 anos e o Alandes Gran Cabernet Franc.

Todos estavam corretos e interessantes. Infelizmente, a visita foi depois da Viña Alicia. Covardia …

O outro ponto alto deste dia foi o almoço na Casa Vigil – El inimigo. Um grande parque, com várias opções de mesas ao ar livre ou dentro do restaurante e uma loja com toda a linha de vinhos de Alejandro Vigil, o que inclui a família Catena.

O cardápio é extenso. São receitas de família elaboradas com produtos da própria horta e que mudam a cada solstício, tudo para destacar a grande estrela deste almoço, os vinhos. Fomos recebidos assim:

São vinhos “top” da vinícola. E nada de taças vazias, a simpática Sommelière estava atenta e não deixava nada faltar.

Pediram um vinho branco? Foram servidos um Chardonnay e um Torrontés.

Espumante para a sobremesa? Sim, temos …

E assim foi, uma verdadeira refeição pantagruélica e ainda com direito a um ótimo guitarrista que tocava clássicos brasileiros (acho que só tinham brazucas por lá, neste dia) e, a pedidos, tocou canções argentinas.

Show!

Na próxima semana relataremos uma interessante experiência sensorial com azeites e um “blend game”.

Saúde e bons vinhos!

Tuty

Engenheiro, Sommelier, Barista e Queijeiro. Atualiza seus conhecimentos nos principais polos produtores do mundo. Organiza cursos, oficinas, palestras, cartas de vinho além de almoços ou jantares harmonizados.

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Engenheiro, Sommelier, Barista e Queijeiro. Atualiza seus conhecimentos nos principais polos produtores do mundo. Organiza cursos, oficinas, palestras, cartas de vinho além de almoços ou jantares harmonizados.

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