

“Todo Champagne é um vinho espumante, mas nem todo espumante é um Champagne.”
Esta é uma afirmação que todos os apaixonados por vinhos têm que lembrar, para sempre. Embora simples e até um pouco repetitiva, nos mostra que sempre existem mais coisas a serem descobertas nesta nossa seara.
Fazer um vinho, como estes, é trabalhoso. São necessárias duas fermentações. A primeira transformará o açúcar da fruta em álcool e, a segunda, tradicionalmente feita na garrafa, cria o “perlage”, aquelas deliciosas bolhinhas que encantam o nosso paladar.
Esta mágica é realizada com o auxílio de uma “poção”, o Licor de Tiragem, uma mistura de levedura, vinho e açúcar, que é adicionada ao mosto fermentado (vinho base), estimulando a segunda fermentação.
Após um período, que vai variar conforme o plano do vinhateiro, é feito o “dégorgement”, um processo em que o gargalo da garrafa é congelado e depois aberto. A pressão interna expulsa os resíduos sólidos, deixando o líquido limpo. Nova “poção” é adicionada, o Licor de Expedição ou de Dosagem, uma solução de vinho e açúcar. Isto vai definir o tipo de espumante com relação ao teor de doçura: Brut, Extra Brut, Demi-sec, Doux e algumas outras denominações.
Vamos explicar algumas destas características.
a) Champagne é uma denominação protegida. Só podem ser elaborados na região demarcada e o vinho base dever ser produzido a partir das seguintes castas: Chardonnay, a as tintas Pinot Noir e Pinot Meunier, vinificadas em branco.
Além destas, as castas Pinot Blanc, Pinot Gris, Petit Meslier, Arbane e Voltis são permitidas, mas pouco utilizadas atualmente.
Para não deixar dúvidas, espumantes elaborados com estas castas, produzidos fora da região de Champagne, não podem usar esta denominação, mesmo na França.
Espumantes franceses, fora de Champagne, são comercializados como “Crémant”, “Vin Mousseaux”, “Blanquette” ou com nomes regionais.
b) Existem outros espumantes com denominação protegida. Os mais conhecidos são o Cava e o Prosecco.
O Cava é elaborado, unicamente, com as castas Parellada, Macabeo e Xarel-lo, principalmente na região da Catalunha.
O Prosecco só pode ser produzido na região do Veneto e Friuli-Venezia Giulia, utilizando a casta Glera. Tradicionalmente, não utiliza o método “champenoise”, preferindo o método Charmat ou ou Martinotti, onde a segunda fermentação é feita em tanques pressurizados.
Recentemente foi autorizada a casta Pinot Noir para a elaboração de um Prosecco rosado.
c) Com relação à nomenclatura, cada espumante é rotulado conforme o teor de açúcar residual:
Nature – é o mais seco de todos, não recebe o licor de dosagem;
Extra brut – no máximo 8g de açúcar por litro;
Brut – limite de 15g de açúcar por litro;
Seco – até 20g por litro;
Meio seco – limite de 60g por litro;
Doce – acima do último limite mencionado.
d) Dois outros nomes podem ser encontrados em rótulos de espumantes, atualmente: “Sur lie” e “Pet Nat”.
– “Sur lie” significa “sobre as borras”. O espumante, elaborado no método tradicional, não passa pelo “degorgement”, sendo comercializado sem nenhuma intervenção adicional por parte de produtor. Cabe ao comprador, de certa forma, “terminar o serviço”.
Tecnicamente é um “nature”, com mais complexidade. Provavelmente virá fechado com uma icônica chapinha de garrafa, em lugar da rolha.
– “Pet Nat” (Pétillant Naturel) é um espumante produzido com uma técnica diferente, o Método Ancestral. É feita, apenas, uma fermentação contínua, que vai resultar em álcool e perlage. Em determinado momento do processo, o mosto é resfriado, pausando a fermentação.
É feito o engarrafamento e fechamento, novamente com chapinha tipo “Crown cork”. As garrafas são reaquecidas para reativar a fermentação.
São deliciosos e refrescantes, embora tenha menor perlage. Algumas castas são mais indicadas para este processo, como as brancas da família Moscatel, a Chenin Blanc, além das tintas Pinot Noir, Gamay e Cabernet Franc.
Agora que vocês já sabem tudo sobre espumantes, qual o seu predileto?
Saúde, bons vinhos!
Dica da Karina – Cave NacionalPassio – CLC Super Premium 21


Passio é o projeto do geólogo Adriano Viana, um apaixonado pelo vinho e sua cultura, que adquire uvas de parceiros e concebe seus projetos junto ao enólogo Giovanni Ferrari, da Vinícola Arte Viva. A linha Confraria da Lua Cheia (CLC) foi concebida para um grupo de geólogos enófilos e constitui a linha premium da Passio. O Confraria da Lua Cheia Super Premium 21 é um corte de Syrah e Marselan com passagem de 12 meses por barricas de carvalho francês novo e 6 meses de repouso em garrafa. Este assemblage de uvas Syrah, do Vale dos Vinhedos, e Marselan, da Campanha Gaúcha é um vinho de grande elegância, estrutura e riqueza aromática. Foi elaborado buscando aliar a autenticidade dos terroirs do sul brasileiro às referências de ícones do sul do Vale do Rhône. A Cave Nacional envia para todo o Brasil.


Engenheiro, Sommelier, Barista e Queijeiro. Atualiza seus conhecimentos nos principais polos produtores do mundo. Organiza cursos, oficinas, palestras, cartas de vinho além de almoços ou jantares harmonizados.