Nesta semana morreu Silvio Santos.
Nem eu mesma sabia que fazia parte da legião de pessoas – fãs ou nem tanto – e eu faço parte dos “nem tanto”, na medida em que não tinha macarronada na minha casa aos domingos, nunca comprei um “Carnê do Baú da Felicidade” nem assistia religiosamente aos programas dele aos domingos e, tampouco, jamais cogitei passar 8 horas sentada num auditório!
Não obstante isso, ouvindo o rádio ontem e os depoimentos das pessoas, senti que também “fiquei órfã” de um sujeito que, do que me era dado conhecer, foi uma pessoa admirável e “se fez sozinho” como se dizia antigamente!
Criou do absolutamente nada um império, inventou atrações e bordões para os menos favorecidos e sua criatividade foi fantástica, num tempo em que tudo era muito mais difícil do que hoje – e bem menos efêmero, ao que me parece…
Uma pessoa amiga escreveu que Silvio Santos viveu bem mais do que os pais dela e que ele, de certa forma, teria ajudado a “criá-la”.
Adorei a ideia e, como já tinha pensado em escrever alguma coisa abordando esse ícone como assunto, “aproveitei a onda”; não, Silvio Santos não ajudou a me criar como relatei lá em cima; mas, tenho que assumir que eu “me achava” e não teria “me misturado”, à época, com a “plebe ignara”.
De fato, ele “não fazia minha cabeça”. Mas, seus quadros de brincadeiras, como o que colocava um indivíduo fechado numa cabine à prova de som, que só tinha que responder sim ou não e contar com a sorte, pois poderia estar recusando um milhão e aceitando uma charrete velha com uma roda só no lugar, eram divertidos!
Ou os aspirantes a artistas, esgoelando-se diante de um microfone para um júri pronto a fazer sua pele, bem como torcer pela roda da fortuna que premiasse a senhorinha que, claramente, precisava tanto!
Silvio Santos, ou Senor Abravanel, jamais renegou sua origem judaica e humilde e, bem a seu estilo, quis um enterro sem “pompa e circunstância”, já tendo saído da ribalta bem antes e discretamente – sim, foi uma pessoa admirável, um comunicador invejável e, por menos que fosse, fui sua fã sim, e se falo no nome dele, ouço claramente a musiquinha que terá antecipado sua entrada na nova ribalta: “Silvio Santos vem aí!”
Tradutora do inglês, do francês (juramentada), do italiano e do espanhol. Pelas origens, deveria ser também do russo e do alemão. Sou conciliadora no fórum de Pinheiros há mais de 12 anos e ajudo as pessoas a “falarem a mesma língua”, traduzindo o que querem dizer: estranhamente, depois de se separarem ou brigarem, deixam de falar o mesmo idioma… Adoro essa atividade, que me transformou em uma pessoa muito melhor! Curto muito escrever: acho que isso é herança familiar… De resto, para mim, as pessoas sempre valem a pena – só não tenho a menor contemplação com a burrice!