Tem sido um exercício de civilidade não sair chutando portas, xingando em altos brados esse presidente que acerta raramente e mal nos dá tempo de pensar que “Opa, parece que acertou! Nem parece esse sem noção” e, imediatamente… olha só ele nos dando uma banana – quer dizer, uma rasteira, fazendo ou dizendo alguma coisa como “O Brasil é como uma virgem que todo tarado quer comer”, espantando até os que nele votaram!
Não satisfeito com o povo deste país, o presidente eleito, “o evangélico dos evangélicos”, tem para si que existe pecado em tudo o que é mostrado – e, principalmente, em tudo o que não é mostrado. Mas, como assim?
É assim mesmo: os eleitos veem sujeira em tudo por tudo, em toda parte: somos todos pecadores sem vergonha e eles, os Sherlock Holmes da moral e dos bons costumes, nos apontam o dedo e nos colocam de joelhos, implorando perdão pelo que ainda iremos fazer – que vai estar tudo errado e cheio de maus sentimentos também!
Devemos sentir vergonha permanente! E, além de ir à igreja confessar o presente, é bom que confessemos o futuro e deixemos por lá nosso dízimo para que estejamos quites com a contabilidade divina – será que é mesmo a divina contabilidade? Teria Jesus Cristo estabelecido que seria assim que purgaríamos nossos pecados?…
Contas acertadas com Deus, digo, com seu Filho, Jesus Cristo, talvez tenhamos alguma chance de cavar nosso lugar em Washington – ou seria ao sol? Só se for ao sol, já que nosso digníssimo presidente eleito foi ungido para que venha nos mostrar o que é o certo e quem são as pessoas boas de fato e merecedoras de algo assim especial…
Mas, estaremos a salvo dele nos mostrar mais alguma coisa com seus outros rebentos?
Devemos ter paciência e esperar. Afinal, ao menos um deles deverá passar por tremenda provação e terá que demonstrar sua fé na justiça dos homens – homens que parecem ver chifres em cabeça de cavalo quando duvidam da retidão de sua contabilidade…
Voltemos a Washington, que parece mais justo e prestes a acontecer: quem viver, verá!…
Tradutora do inglês, do francês (juramentada), do italiano e do espanhol. Pelas origens, deveria ser também do russo e do alemão. Sou conciliadora no fórum de Pinheiros há mais de 12 anos e ajudo as pessoas a “falarem a mesma língua”, traduzindo o que querem dizer: estranhamente, depois de se separarem ou brigarem, deixam de falar o mesmo idioma… Adoro essa atividade, que me transformou em uma pessoa muito melhor! Curto muito escrever: acho que isso é herança familiar… De resto, para mim, as pessoas sempre valem a pena – só não tenho a menor contemplação com a burrice!