3 de outubro de 2024
Sylvia Belinky

De bem com a humanidade

Um outro título: ou abertura das Olimpíadas em Paris, poderia ter sido o título da coluna. Fica a critério de vocês.

Ontem, véspera de meu aniversário, eu ainda estava de mal com a humanidade. A necessidade que as pessoas têm de ser desagradáveis e de conseguir seus 15 minutos de fama – como sabiamente previu Andy Wharol – às custas de alguém ou de alguma coisa que, definitivamente, não valem a pena, é espantosa!

Provavelmente, porque as coisas não eram assim tão às escancaras, antigamente éramos mais hipócritas; escondíamos as garras com mais afinco e ser simpático ou aparentar sê-lo trazia mais benefícios.

Jamais me imaginei sentada por mais de duas horas diante de uma tela; mas, ontem, mordi a língua e bati meu recorde: mais de 5 horas diante de uma e não era para maratonar uma série mas, sim, para assistir a abertura das Olimpíadas, em Paris.

Que espetáculo magnífico, que bom gosto, que ideias fantásticas, originais, que trabalho glorioso de equipe, quanta gente disposta a mostrar para o mundo que, um país que vivia das glórias de um passado longínquo, pode renascer das cinzas e aproveitar cada segundo dessas horas que passei diante da TV para mostrar que a humanidade, o ser humano, e não a IA, ainda é capaz de deixar estarrecidos e deslumbrados todos os que tiveram a ventura de assistir a um espetáculo tão flamejante, muito mais voltado às pessoas, seus sentimentos e ideais, cada uma com os seus, do que à tecnologia – muito bem vinda sempre, mas de efeitos repetidos!

A emoção de uma Céline Dion, cantando num cenário de sonhos, para o mundo, na Torre Eiffel, os olhos marejados de lágrimas de “durões”, discursando e sendo aplaudidos pela multidão, os 15 minutos de glória verdadeira de gente que “bolou” efeitos fora de série, que mergulhou personagens de quadros famosos num Rio Sena belíssimo, gente que apostou em expandir cultura e bons sentimentos que, há tempos, não andavam juntos, e mundialmente, muito menos ainda!

Escrevo esta crônica ainda impactada pelo que vi e antes que alguém, depois da grandiosidade inigualável de ontem, venha comentar com desdém – sim, porque estamos abarrotados desse tipo de gente.

– Mas é tudo fairy tale (conto de fadas); as guerras continuaram – mas, de certa forma progredimos: de fato as guerras continuaram, mas não interromperam o curso das Olimpíadas, diferentemente do passado – vejo algum progresso nisso e sou a última das otimistas!

É fato que os preconceitos e exclusões continuarão porque é do ser humano ser imperfeito; mas, vi melhoras, pois ali nada tinha de “fake” – e, ainda que tivesse tentado, o terrorismo desta vez não venceu.

Et vive la France, vive Paris. Medalha de ouro nesta abertura longuíssima e de sonhos!

Sylvia Marcia Belinky

Tradutora do inglês, do francês (juramentada), do italiano e do espanhol. Pelas origens, deveria ser também do russo e do alemão. Sou conciliadora no fórum de Pinheiros há mais de 12 anos e ajudo as pessoas a "falarem a mesma língua", traduzindo o que querem dizer: estranhamente, depois de se separarem ou brigarem, deixam de falar o mesmo idioma... Adoro essa atividade, que me transformou em uma pessoa muito melhor! Curto muito escrever: acho que isso é herança familiar... De resto, para mim, as pessoas sempre valem a pena - só não tenho a menor contemplação com a burrice!

Tradutora do inglês, do francês (juramentada), do italiano e do espanhol. Pelas origens, deveria ser também do russo e do alemão. Sou conciliadora no fórum de Pinheiros há mais de 12 anos e ajudo as pessoas a "falarem a mesma língua", traduzindo o que querem dizer: estranhamente, depois de se separarem ou brigarem, deixam de falar o mesmo idioma... Adoro essa atividade, que me transformou em uma pessoa muito melhor! Curto muito escrever: acho que isso é herança familiar... De resto, para mim, as pessoas sempre valem a pena - só não tenho a menor contemplação com a burrice!

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