Da jogatina desenfreada ou do direito de jogar e de veicular o vício.


Você alguma vez já desejou ser surdo para não ouvir determinados absurdos?
De tanto ouvir o instigar constante de “vá jogar! Jogar é legal! Fulano sacramenta esse hábito e nele você sabe (será que sabe mesmo?) que pode confiar!”, senti esse desejo – e talvez essa seja uma das limitações que mais me assusta, quase tanto quanto não enxergar – será que ver é a mesma coisa que enxergar?
E a iluminada presidente do PT, Gleisi Hoffmann, declarou, em alto e bom tom, indignada com a absoluta injustiça, claro, defensora que é dos frascos e comprimidos… ops, eu quis dizer, dos fracos e oprimidos: ”Como assim, impedir os pobres de jogarem?”
Não bastasse o Estadão estampar em letras garrafais (mas não foi na primeira página, então pode ser que ela não tenha visto… até porque, esse não é exatamente seu “veículo de informação” – que mais de 450 milhões de pessoas ao redor do mundo têm buscado tratamento psicológico para essa compulsão – e me parece bem fácil entender, mesmo que você não seja um luminar e especialista no assunto.
Quando ouço as propagandas a respeito – e uma delas tem a audácia de dizer que tem o “aval” de gente respeitada e conhecida – mais conhecida do que respeitada, a meu ver – que eles são os “arautos” do “jogo responsável” – como se isso fosse possível e existisse na medida em que estamos tratando de um vício e, mesmo aqueles que não fumam, bebam ou joguem sabem que o controle sobre qualquer um desses flagelos é, no mínimo, muito difícil, quando não impossível!
Essa propaganda “audaz” ainda coloca que ela “representa os brasileiros” – kumé, kumpádi?
Eu, que sempre pensei que fosse a Caixa Econômica a detentora desse “troféu” por todos os jogos que seu augusto nome banca, todas as loterias, prêmios e que tais… Quanta generosidade, dividir e$$e$ louro$!
Sempre tive curiosidade – não muito grande, é fato, dado que não fui fuçar a fundo para descobrir – quanto em cada um desses jogos ela fatura – e o governo também, é claro, ou a Gleisezinha não estaria tão indignada por cercearem o direito dos pobres de se endividarem e ficarem de barriga vazia (jogaram a grana da comida…)!
Um país como o nosso jamais poderia aprovar essa jogatina e, como já aprovou, ela não poderia ser veiculada aos quatro ventos. No rádio, na TV, nas redes sociais como se nada fosse, como quis nos fazer acreditar a debilóide já citada duas vezes nesta crônica-protesto!
Mas este, como o assunto anterior, não está “bombando”; então, vou ter que me conformar que ninguém vai prender o Dr. Luizinho nem que seja prá soltar em seguida (poxa, Tarcísio, faz isso por esta velhinha tão indefesa quanto o rapaz que o PM jogou da ponte…) nem vai lavar a boca da “tchutchca” do PT com sabão!!


Tradutora do inglês, do francês (juramentada), do italiano e do espanhol. Pelas origens, deveria ser também do russo e do alemão. Sou conciliadora no fórum de Pinheiros há mais de 12 anos e ajudo as pessoas a “falarem a mesma língua”, traduzindo o que querem dizer: estranhamente, depois de se separarem ou brigarem, deixam de falar o mesmo idioma… Adoro essa atividade, que me transformou em uma pessoa muito melhor! Curto muito escrever: acho que isso é herança familiar… De resto, para mim, as pessoas sempre valem a pena – só não tenho a menor contemplação com a burrice!