19 de abril de 2024
Sylvia Belinky

Conversas rápidas


Vou pela rua e decido correr o risco: dou bom dia para alguém que não me conhece e nem eu a ela. De modo geral, a pessoa responde e a sensação que toma conta de mim é que “fiz a alegria, ainda que momentânea, de alguém”.
Cheguei a essa conclusão, quando passei a notar que, cada vez que eu pego um ônibus para qualquer lugar, em especial um que passa por diversos hospitais vou encontrar um sem número de cobaias a meu dispor!
Explico: eu não ando mais de carro; vendemos o nosso e cheguei à conclusão que deveria tê-lo feito há mais tempo, ainda mais morando aqui em São Paulo, onde o trânsito é simplesmente… aterrador!
E alguém me perguntaria o porquê desse adjetivo. A verdade é que, quem se encontra dentro do carro, está à mercê de todo tipo de abordagem: de vendedores de balas a vendedores de água – no inusitado calor que tem feito aqui, eles proliferaram – aos limpadores de vidro com seus rodinhos e sua água suja, pedintes e assaltantes; aí, é rezar para que eles escolham o carro vizinho e não o nosso…
Houve uma simpática, na semana passada. Começamos um papo por causa de um sujeito que atravessou na frente do ônibus exatamente como faria uma… galinha: “fui!” E se o motorista tivesse atropelado o incauto, eu certamente seria testemunha dele e minha mais nova colega, também.
Conversa vai, conversa vem, ela me garante que, se eu descesse no próximo ponto e não no que eu pretendia descer, andaria muito menos…
Deixei para descer no seguinte, onde ela também o fez. Resultado, ela ia à Prevent Senior da Alameda Campinas, onde estão boa parte dos oculistas.
Entretanto, eu ia na outra, três quarteirões antes, fazer exame de sangue. Minha colega ficou mortificada: “Olha a distância que eu estou fazendo você andar!” Tratei de apaziguá-la, já que, nessas saídas, também aproveito para dar uma caminhada – e essa seria um pouco mais longa…
A caminho do meu compromisso, uma outra senhora começa a me acompanhar, furibunda porque estava em um velório e alguém perguntou de quem era. Como ela não soubesse, respondeu: “Bem que poderia ser do Lula!” Ao que a outra retrucou:”poderia ser o seu!”
Aí ela me diz: o Lula me roubou, por isso eu disse isso!
Para consolá-la, até porque eu já iria entrar no prédio eu digo: “é, vai ver que ela fazia parte da corriola”! Ela sorriu, feliz: “É isso!”

Sylvia Marcia Belinky

Tradutora do inglês, do francês (juramentada), do italiano e do espanhol. Pelas origens, deveria ser também do russo e do alemão. Sou conciliadora no fórum de Pinheiros há mais de 12 anos e ajudo as pessoas a "falarem a mesma língua", traduzindo o que querem dizer: estranhamente, depois de se separarem ou brigarem, deixam de falar o mesmo idioma... Adoro essa atividade, que me transformou em uma pessoa muito melhor! Curto muito escrever: acho que isso é herança familiar... De resto, para mim, as pessoas sempre valem a pena - só não tenho a menor contemplação com a burrice!

Tradutora do inglês, do francês (juramentada), do italiano e do espanhol. Pelas origens, deveria ser também do russo e do alemão. Sou conciliadora no fórum de Pinheiros há mais de 12 anos e ajudo as pessoas a "falarem a mesma língua", traduzindo o que querem dizer: estranhamente, depois de se separarem ou brigarem, deixam de falar o mesmo idioma... Adoro essa atividade, que me transformou em uma pessoa muito melhor! Curto muito escrever: acho que isso é herança familiar... De resto, para mim, as pessoas sempre valem a pena - só não tenho a menor contemplação com a burrice!

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