19 de abril de 2024
Colunistas Ricardo Noblat

A quem interessa que o país pegue fogo em ano de eleições

Saque a supermercado deve ser investigado a fundo

RJ – saque ao supermercado – Reprodução/ Redes Sociais

Saques a supermercados por supostos famintos eram o sonho de consumo de Bolsonaro à época mais mortal da pandemia da Covid-19. Uma vez que se multiplicassem, as Forças Armadas seriam chamadas a intervir, e sabe-se lá depois o que aconteceria.

Bolsonaro foi contra as medidas de isolamento adotadas por governadores e prefeitos para combater a “gripezinha”. Dizia que as medidas levariam os brasileiros à miséria. Morressem, portanto, os que tivessem de morrer desde que a economia fosse salva.

Morreram até ontem, dia em que o governo deu a pandemia por finda, quase 662 mil pessoas. O governo retardou o quanto pode a compra de vacinas, mas a população aderiu em massa à vacinação ao se convencer que a cloroquina e outras drogas eram ineficazes.

O percentual dos que não ainda não tomaram a primeira dose de vacina é de 12%, muito alto se comparado com o percentual de 5% dos que não se vacinam contra nada. A diferença deve ser debitada na conta dos autores e distribuidores de notícias falsas.

A unidade do supermercado Inter em Inhaúma, na Zona Norte do Rio, foi saqueada no último sábado por uma turba aparentemente protegida por homens armados. A polícia apura se o tráfico de drogas ou se grupos de milicianos estão por trás do crime.

Se foi um saque espontâneo feito por pessoas que passam fome devido à inflação, ou se foi encomendado, e no caso por quem e com qual propósito. Outro dia, homens armados pararam o trânsito perto de Brasília para que uma mulher atravessasse a rua.

A quem interessa que se instale no país um clima de desordem? Quem se beneficiará dele em ano de eleições? Só o presidente da República pode autorizar operações especiais de segurança que concedem aos militares o poder de atuar como polícia.

Desde o início do seu governo, ou desgoverno, Bolsonaro defende que os brasileiros se armam para fazer justiça com as próprias mãos. Um povo armado, ele afirma, jamais será escravo de uma ditadura. Mas, Bolsonaro é órfão declarado da ditadura de 64.

Faz questão de alardear seu amor pelo movimento que suprimiu a democracia. Entre seus ídolos está o coronel torturador Brilhante Ustra, e também o general Newton Cruz, que morreu no fim da semana e foi homenageado por ele com uma coroa de flores.

Ditadura, nunca mais! Para que não se repita, porém, o passado não deve ser esquecido.

Fonte: Blog do Noblat

Ricardo Noblat

Jornalista, atualmente colunista de O Globo e do Estadão.

Jornalista, atualmente colunista de O Globo e do Estadão.

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