4 de maio de 2024
Colunistas Ricardo Noblat

A condição imposta por Bolsonaro para ser entrevistado pela Globo

Nada de perguntas sobre…

Entrevista candidato eleições 2022 – Jair Bolsonaro na Rede Globo – TV Jornal Nacional
Reprodução/Tv Globo

Apesar de convencido por seus conselheiros de campanha eleitoral de que não poderia perder a oportunidade de falar ao país no horário de maior audiência da televisão brasileira, Bolsonaro impôs uma condição para ser entrevistado pelo Jornal Nacional.

Poderiam lhe perguntar tudo o que quisessem e ele responderia – mortos pela pandemia da Covid-19, desmatamento da Amazônia, corrupção no governo, urnas eletrônicas, fake news, ataques a ministro do Supremo Tribunal Federal, e até golpe.

Mas sobre um assunto ele não admitiria perguntas: envolvimento dos seus filhos e da sua mulher em supostos casos de corrupção. Nada de Fabrício Queiroz, rachadinha, mansão milionária de Flávio em Brasília, depósitos na conta de Michelle e coisas afins.

Condição imposta, condição aceita. De todo modo, Bolsonaro compareceu à sabatina com quatro tópicos escritos à palma de uma das mãos: “Nicarágua”, “Argentina”, “Colômbia” e “Dario Messer”. Os três primeiros tinham a ver com o PT.

Era para que se lembrasse de acusar Lula e o PT de estreitas ligações com os governos de esquerda daqueles países. Verdade: acabou ficando de fora “Venezuela”, do ditador Nicolás Maduro, tema que pontua os discursos de Bolsonaro. Mas faltou espaço.

Ou melhor: no espaço reservado à “Venezuela”, ele preferiu escrever “Dario Messer”, também conhecido como “O Rei dos Doleiros”, preso, condenado e depois solto. O nome dele serviria de advertência aos entrevistadores e à própria Globo.

Em sua delação premiada, sem apresentar provas, Messer disse que foi doleiro dos irmãos Marinho, donos das Organizações Globo. Ao mesmo tempo, reconheceu que nunca os encontrou. A Globo desmentiu-o em nota oficial. O assunto foi esquecido.

Mas Bolsonaro não o esqueceu.

Atualização das 13h30

A Globo desmente essa informação de forma categórica e cabal. Nenhuma condição foi imposta. De início, a campanha de Jair Bolsonaro tentou convencer a Globo de levar a entrevista ao Palácio da Alvorada, o que não foi aceito. Tudo o mais é apenas mentira. (Comunicação Rede Globo)

Fonte: Blog do Noblat

Ricardo Noblat

Jornalista, atualmente colunista de O Globo e do Estadão.

Jornalista, atualmente colunista de O Globo e do Estadão.

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