Há muito tempo eu ficava me comparando com minhas irmãs que adoravam jogar tênis. Tinham aulas e treinavam varias vezes por semana no clube.
Às vezes eu ia olhar o jogo delas, mas eu não achava a menor graça nesse esporte. Gostava mesmo de nadar e ia para a piscina.
Mas o tênis era elegante, a roupa branca, e já nem tão clássica, deixava as mulheres e homens mais charmosos. E as raquetes demonstravam um status a mais na pessoa.
Elas participavam de competições entre clubes, e ganhavam medalhas e troféus. Um luxo. Outras vezes se reuniam e iam fazer “clinicas de tênis” que aconteciam em algumas cidades no Brasil ou no exterior. Fora que iam também ver os torneios internacionais em Miami e Paris.
E eu continuava a achar aquilo tudo muito sem graça.
Era olhar para um lado, e lá vem a bolinha! Olhar para o outro lado e vem a bolinha fora da quadra. Ficava tonta de olhar pra lá e pra cá. Não era do meu agrado!
E as medalhas que ganhavam e os troféus iam crescendo.
Na natação era diferente mas igual, entendem? Ou você competia e treinava de verdade, ou você nadava livre leve e solta na piscina do clube ou academia. E adeus as medalhas e troféus, mas era o que eu gostava. Me bronzear e nadar sem ninguém contar meu tempo para competir.
Mas faltava ganhar um prêmio! Um troféu e umas medalhas.
Foi quando descobri um grupo de corridas e caminhadas – a Corpore – que competiam no Ibirapuera. Nestas competições até o último a chegar ganhava uma medalha. E eu claro me inscrevi e participei de alguns eventos. Caminhando!
Isso eu gostava. Caminhar era comigo mesmo. Participei de algumas competições e ao todo ganhei 5 medalhas. Até que enfim ganhei, pelo meu esforço físico, as tão sonhadas medalhas. Colocava na parede do meu escritório para todos observarem. Meu ego agradecia!
Mas no tênis tinham os troféus. E eram lindos! Elegantes! Na casa delas, enfeitavam a biblioteca e o escritório!
E eu queria tanto um Trofeuzinho… Nem que fosse unzinho só!
Me arrependia de não ter treinado natação. Mas meu instinto de liberdade e sem comprometimento de treinos dizia que não. Então não se queixa Priscila!
Foi quando um belo dia ligaram no meu escritório dizendo que eu havia sido indicada para ganhar um prêmio. Seria um troféu, pelo meu trabalho de Assessoria de Comunicação. Mas tinha uma condição! Pagar uma importância em dinheiro ou arrumar um patrocinador.
Na hora, fiquei bem descontente, mas fui adiante. Afinal tinha quase certeza de ter o tão almejado troféu comigo junto com as medalhas. Oh céus…
Arrumei um patrocinador rapidinho e eu pude então entrar no grupo das vencedoras onde quase todas tinham um patrocinador.
No fim acabei me animando pelo fato de ser lembrada pelo meu trabalho.
Ganhei alguns convites e só convidei minha mãe e minha irmã Clariza.
E lá fomos nós. O salão de festas estava lotado. Lotado de mulheres produzidas e todas vestidas a rigor a pedido da organização.
A premiação começou e vi que era por ordem alfabética. Como a letra do meu nome começa com P, seria uma das últimas a receber o troféu. Que chatice!
E cada uma que subia no palco, tinha que falar alguma coisa, tirar fotos, bla bla bla… Aquela peruagem que não dava para encarar.
Lá pelas tantas me cansei. Vi que havia uma mesa logo abaixo e ao lado do palco, com todos os troféus a serem entregues. Deveria ter uns 100 mais ou menos.
Fui até lá observar se eram personalizados com o nome da ganhadora. Não eram.
Voltei para o meu lugar e falei para minhas convidadas: ~ Vamos embora? Já cansei de esperar minha vez.
Elas toparam na hora. Tranquilamente fui até a mesa perto do palco, e peguei um troféu. O meu troféu. Dado por mim para eu mesma rs.
Voltei para casa com ele. Era bonito, todo de vidro, com uma figura carregando o Globo Terrestre nos braços erguidos.
Pelo menos era diferente, bonito, moderno.
No dia seguinte levei o dito cujo para o escritório e coloquei-o ao lado das medalhas. Não gostei. Não era mais o que eu queria. Tirei tudo e engavetei.
Recentemente arrumando a papelada do escritório encontro tudo isso. Joguei tudo fora.
Mas pelo menos ganhei. Medalhas e um Troféu. Uma doce ilusão!!!
Jornalista… amo publicar colunas sobre meu dia a dia…