17 de abril de 2024
Colunistas Paulo Antonini

Qual a decisão a tomar?

Sempre me mantive reticente com a onda da sustentabilidade que assolou o mundo nas últimas décadas. Não por questionar o mérito, mas sim, pelos agentes propagadores do novo eldorado, a panaceia para a cura de todos os males, enfim, a descoberta do santo graal para a salvação da humanidade.

 A cada novo ciclo econômico, grupos de interesses se deslocam com muita rapidez de suas origens e passam a maquinar o novo milagre e, para isso, não poupam esforços e mentiras no intuito de conquistar adeptos, assim como fazem os grupos religiosos conquistando seus fiéis.

Fui observando grandes destruidores do acervo planetário surgindo nesse novo contexto, se autodenominando baluartes na defesa da natureza. Grupos como a Nestlé, Coca-Cola, todas as grandes fabricantes de automotores, indústria alimentícia e por aí, vai, lançando um new style of life.

Refrigerantes que utilizam (desperdiçam) menos água na fabricação, garrafas pet, que usam menos plástico na composição, nesse caso em particular, você pega nessas garrafas e elas chegam a dobrar na sua mão de tão ordinárias. Comidas com menos produtos cancerígenos como os colorantes, conservantes e todos os “antis”. Motores capazes de rodar muito mais com muito menos combustível, eletrodomésticos que gastam até 30% menos de energia e muitas outras vantagens propagadas.

Não posso negar que, numa primeira impressão, foi um avanço e tanto, mas mesmo e apesar, de em momento algum, eles fizerem algum tipo de mea culpa, jamais entraram, aí sim, no mérito da questão; que é a de reeducar o homem para um novo tipo de consumo.  Ao contrário, as propagandas se sofisticaram e seus departamentos de marketing mais certeiros se tornaram.

Não existe mundo sustentável com o nível de consumo que temos hoje no planeta e a situação só não colapsou devido a uma crise econômica  que vivem as grandes nações a quase uma década.

Continuam a estimular o consumo desenfreado, mesmo com todas as evidencias do nível de saturação dos recursos planetários.

Nada, mais uma vez, passou de manipulação e direcionismo para aumentarem suas vendas e faturamento.

Nessa toada, vejo agora, a onda vegana, onde de fato, atrás do discurso duvidoso da proteção aos animais, está o interesse no faturamento e, mais uma vez, o homem ,que deveria ser o centro dessa mudança, na sua compreensão da tão propalada sustentabilidade, é usado como moeda.

Ou a humanidade se simplifica e olha para seus ancestrais e de fato redescobre que essa panaceia está na volta dos valores simples, de poucos apliques e adereços, ou vamos viver correndo atrás do rabo, sem nos darmos conta que somos apenas estatística para esses devoradores de alma e do planeta e seu futuro.

Paulo Antonini

Paisagista bailarino e amante da natureza. Carioca da gema, botafoguense antes do Big Bang.

Paisagista bailarino e amante da natureza. Carioca da gema, botafoguense antes do Big Bang.

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