Duas palavras foram espremidas até o bagaço nessa eleição: fascista e democracia. Usadas aleatoriamente, por quem, aparentemente, desconhece os seus verdadeiros significados, viraram uma espécie de mantra, que as pessoas repetiam ad nauseam, sem ter a menor ideia do que falavam.
Democracia, para o povo da esquerda, significa exercer o poder. Se não são eles que ditam as regras, não há democracia. Não lhes passa pela cabeça que democracia, em sua etmologia, origina-se do temo grego Demos (povo) e Kratos (poder). Simplificando, o poder do povo. Se os brasileiros escolheram Bolsonaro, qualquer coisa que questione a vontade popular NÃO é democracia. Acredito que o sr. Boulos, que organiza uma marcha “a favor da democracia”, e os estudantes da USP, propondo greve porque o novo presidente não é do partido deles, não desconheçam isso. Estão se fazendo de tolos e tentando armar confusão.
Fascista, já nem comento. Até para algumas pessoas que me conhecem bem, eu virei fascista – Mano Brown está coberto de razão. Não vou discutir, mas talvez incorpore a palavra ao meu sobrenome. Poderia escolher outra: Soares, Melo, Tubarão, Barreto, sei lá. Qualquer palavra de valor instrumental, que valha apenas de si para si. Ou seja, serve para fazer bonito. Mas acho que vou me chamar mesmo Fascista. Já que esse vocábulo perdeu o seu valor intrínseco, uso-o como quiser.
Muitas coisas ainda há para dizer, teria que escrever um artigo. Portanto detenho-me no vitimismo e no espírito de dramalhão mexicano que a eleição trouxe à tona nas almas esquerdistas. O que vi e li de bobagem nas redes sociais, meu Deus. Um postou que “ainda não estava pronto para ser assassinado”. Outro, que o sangue das vítimas de Bolsonaro sujariam as mãos fascistas, numa versão pós-moderna do sangue dos inocentes descrito no Deuteronômio (19,10). Ou seja, nem só o presidente recém-eleito confia na justiça divina. Tem muito socialista por aí viajando no “ópio do povo”.
Um terceiro amigo virtual afirmou que os eleitores de Bolsonaro apreciam o gosto de sangue e querem mais, muito mais. Houve, quem jurasse que, na manhã de ontem, segunda-feira, a polícia já subiria os morros cariocas metralhando ao léo. Apareceu a imagem da escrava Anastácia como símbolo dos novos tempos e um tapete com a cruz suástica estrategicamente colocado sob os pés de Bolsonaro, o presidente que defende abertamente o Estado de Israel.
Impossível não citar o tom raivoso do discurso de Haddad – um momento triste – ao reconhecer a derrota. Felizmente, ele se redimiu, publicando no Facebook as congratulações regulamentares. É o que, agora, espero do PT e associados: oposição civilizada.
Mas o que vem por aí não é fácil. Há quem pretenda atrapalhar de todas as maneiras. Na cabeça dos democráticos-de-uma-nota-só é preciso consertar a porcaria que o povinho idiota fez, escolhendo outro líder, outro partido para governá-lo – ora, onde já se viu? Há que se ensinar tais ignorantes a votar.
Alerto-os, porém, que o Bolsonaro é mais esperto do que todos imaginam, escolheu para vice o general Mourão.
Acreditem-me, é bem melhor deixar o novo presidente em paz.
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Pequena análise da eleição
- Por O Boletim
- 30 de outubro de 2018
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