Lula irritou-se com os ovos que, do alto de um prédio, alguém lhe atirava e partiu para a briga. Chamou o “ovacionador” de canalha e avisou que convocaria a PM para “dar um corretivo” no ousado cidadão. Até onde sei, “dar um corretivo” significa apelar à coerção física.
Só acreditei em tamanha despautério porque assisti o vídeo. Todos sabemos que tal discurso não combina com Lula, que é defensor dos direitos humanos, contra a violência e detesta a Polícia Militar, que, aliás, deseja ver varrida do cenário nacional.
O episódio serviu, porém, para entendermos o mecanismo que norteou o comportamento do supremo tribunal federal (com letra minúscula) na tragicômica sessão de quinta-feira, dia 22 de março. Fora um ministro ter voo marcado para iniciar o seu séjour de repos no Rio de Janeiro, outro estar mor-ta-san-ta de cansaço e o finíssimo Gilmar Mendes desdizer o próprio voto pronunciado, num caso igual, em 2016, a lógica do STF é igualzinha a do candidato ao Prêmio Nobel da Paz, que anda pelo país incitando os correligionários a distribuírem porrada. Ou seja: casuísmo é bom e eu gosto, desde que me favoreça.
Uma vergonha a atitude do stf. A maioria dos ministros passou horas desfiando abobrinhas e arrotando supostas sabedorias. Um show televisivo em que alguns pavões exibiram as suas irrelevâncias jurídicas. No grand finale, o Brasil foi atirado às feras. Agora não há mais lei, ninguém pode ser preso (pobre, pode). Nenhum megacorrupto será punido sob o sol tropical de nossa decadente nação.
O nonsense do Lulinha-paz-e-amor pedindo à PM que aplicasse “um corretivo” e do stf, o suposto guardião da lei, dando nó em pingo d’água para burlar a lei, provaram que ambos, Lula e os togados sunt ejusdem farinae. Errei de profissão, também deveria ter sido ministra, adoro exibir o meu latinzinho aprendido no colégio. O que eu escrevi? Que Lula e quase a metade dos membros do STF são farinha do mesmo saco. Farinha pouco recomendável, repleta de carunchos.
Claro que, em 4 de abril, dia em que as excelências voltarão a se reunir para abençoar o apedeuta, alguém “pedirá vistas” e o processo ficará para as calendas gregas. Sendo assim, espero que o exemplo dos gaúchos e dos catarinenses frutifique.
Torço para que eles tenham iniciado o movimento que, finalmente, virará a mesa.
Já passou muito da hora.