Se, este mês, você está pensando em passear em Portugal, uma dica é prestar atenção aos festivais gastronômicos que acontecem em várias cidades pequenas. Moro no Porto e só posso falar do que acontece nas minhas redondezas. Agosto é a época em que os portugueses, que vivem em outros países europeus, voltam à terrinha para matar a saudade. Suas cidades e aldeias de origem os recebem com o que há de mais saboroso na culinária lusa. Acho que para saber qual é a delicia de um fim de semana, basta perguntar na portaria do hotel. Ou, então, procurar as informações num jornal chamado JN.
Sábado passado fui a um Festival de Bacalhau em Gafanha de Nazaré, um concelho da cidade de Ilhavo, que fica a cerca de um hora do Porto em excelente estrada. Antigamente, na época da pesca artesanal do bacalhau, os navios largavam 50, 60 barquinhos com um só pescador nos mares gelados do Atlântico Norte. No fim da tarde, voltava para os recolher. Isso numa época em que não existia GPS. Sim, alguns pescadores acabaram esquecidos no mar. Mas não tantos que justificasse mudar o método. Haja coragem.
Gafanha de Nazaré era, então, o mais importante porto para descarregar o produto de seis meses de trabalho duro: toneladas e toneladas de bacalhau, que já chegavam salgadas, solução para manter a integridade do peixe. Uma coisa puxa a outra e, nesse Concelho, estabeleceram-se os maiores distribuidores do produto no país.
O festival eram dez barraquinhas, cada uma com cerca de 120 lugares em mesas comuns. Difícil escolher onde almoçaríamos, os cardápio ofereciam as mais variadas delícias. Em comum, apenas bolinho, patanisca e uma sopa chamada “chora”, servida aos pescadores quando voltavam à nave-mãe. Recebeu tal nome por ser tão gostosa que os homens do mar choravam para ganhar uma porção extra. Provei, é uma espécie de canja de bacalhau. Merece o nome que tem, é de chorar de tão saborosa.
Não é difícil comer excelentes bacalhaus em Portugal. Até as tascas mais simples oferecem múltiplas receitas, todas maravilhosas. Mas o bacalhau de Ílhavo entrou no rol das minhas melhores recordações gastronômicas. Apenas assado, simples, abrindo em finas lascas, molhado de azeite. Perfeito.
Até o fim de agosto teremos, por essas bandas, festivais de cabrito assado – o meu prato preferido – cordeiro, anho, vitela, sardinha, cabidela, sarrabulho, leitão, porco, o que se imaginar. Tudo da melhor qualidade, uma imperdível aventura gastronômica.
Nem falo nas sobremesas, são divinas. Você já comeu pudim Abade Prisco? Pois é, derrete na boca.
A não perder.