1 de maio de 2024
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Escondam os curumins…

O Vaticano, que não consegue controlar o bilau dos próprios padres – nem o seu Banco, envolvido em tenebrosas transações com a Venezuela -, decidiu realizar um sínodo para discutir os problemas da região amazônica. Um documento oficializando o evento foi publicado no dia 17 de junho próximo passado – é brega, mas imponente, escrever “próximo passado” – e pretende ir fundo nos problemas da região.

Com a participação de bispos e cardeais dos nove países amazônicos – Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Peru, Venezuela, Suriname, Guiana e Guiana Francesa, sendo o Brasil o dono da maior parte do território -, o sínodo pretende discutir minúcias. Entre outros tópicos, a exploração internacional dos recursos locais, ameaças à biodiversidade, problemas de demarcação de terras, extrativismo ilegal e etc. e tal. O relator geral do encontro será o cardeal brasileiro dom Claudio Hummes.
Mau caratista militante que sou, acho melhor tirarmos os curumins da área. Afinal, o Vaticano também pretende abordar a exploração sexual dos povos indígenas e, embora seja uma deslavada mentira que, nesse caso particular, pretenda requerer reserva de mercado, não custa a gente se precaver. Indiozinhos e indiazinhas saudáveis e nus dando mole no pedaço torna-se, com a inauguração do sínodo, um problema de segurança nacional. Sabemos que muitos sacerdotes levam ao pé da letra a mensagem dos evangelhos “deixai vir a mim as criancinhas” (Mateus, 19, 14). Alô, ministra Damares. Acho a senhora meio fora da caixinha, mas é melhor ficar atenta. Precaução e caldo de galinha nunca fizeram mal a ninguém.
Claro, o governo brasileiro já demonstrou desconforto com tal ingerência na nossa política interna. Pessoalmente, considero uma afronta o Vaticano inventar de inaugurar uma versão pós-moderna dos Sete Povos das Missões. No século XVIII, como agora, as Missões ao sul do Brasil eram administradas por jesuítas, ordem a qual
pertence o papa Francisco. Na época, os jesuítas tanto aprontaram que o marquês de Pombal, primeiro-ministro do rei dom José I de Portugal, expulsou todos. De Portugal e de suas colônias. Sinceramente? Não sou contra a eventuais socos na mesa quando se trata de garantir a integridade física e moral. O caso atual é tão sério que até o claudicante jornal “O Estado de São Paulo” publicou um editorial afirmando que a recente novidade do Vaticano “afeta a soberania nacional”.
Vamos ver o que vem por aí. Pelo sim pelo não, e por experiência de muitos traumas em vários países, acho apenas que devemos ficar de olho nos indiozinhos.
Não é de hoje, na nossa História, que com o papo furado de arregimentar alminhas perdidas, o Vaticano mete o pé na jaca.
Reclamo, sim, sou católica. É a minha igreja que está abusando. Tenho todo o direito de colocar a boca no trombone quando ela inventa novidades equivocadas.

O Boletim

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