23 de abril de 2024
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Chega de equívocos. Ação já!


O presidente Temer disse em entrevista que “compartilha da indignação mais do que razoável da população”.
Michel Temer fez uma avaliação equivocada. Os cidadãos não estão indignados. Estavam, quando todo esse lixo começou a transbordar. Agora estão enojados.
Enquanto um número incalculável de pessoas estava morrendo em filas de hospitais inóspitos e imundos, partidos e seus representantes estavam subtraindo quantias, também incalculáveis, de todos os órgãos públicos, autarquias e empresas privadas que, por desvio de caráter, submeteram-se a um esquema espúrio e criminoso.
O que, além da crueldade e tirania, pode mais justificar os atos de Sérgio Côrtes, ex-secretário de saúde do governo Cabral? Não estamos tratando mais de subtração de valores, mas de subtração de vidas, que poderiam ter sido poupadas se tivessem assistência, medicamentos e equipamentos que estariam à sua disposição se não tivessem sido roubados.
Como inserir e dimensionar esse crime no Código penal? Quantas pessoas morreram à espera de tratamento que nunca tiveram acesso? Não, não será possível dimensionar. Assim como é praticamente impossível dimensionar o grau de crueldade, sadismo e, por que não, psicopatia desses gestores?
O Rio de Janeiro foi, talvez, o estado mais penalizado, diante da vultuosidade dos valores envolvidos, nas mãos de meia dúzia de personagens.
Uma suposta articulação entre ex-presidentes em torno de um pacto pela sobrevivência política não pode suplantar o cenário de terra devastada que uma quadrilha deixou para trás no estado do Rio de Janeiro.
Os cidadãos esperam mais de um presidente; esperam que ele governe para o País e não aos seus pares.
É equivocada a mensagem que o presidente está tentando transmitir. Equivocada porque compromete toda política. Os cidadãos não estão indignados. Estão esgotados de assistir à dilapidação de todo patrimônio do País, e silenciosamente estão estabelecendo um pacto que só tende a piorar ainda mais o cenário: não votar em mais ninguém.
Quem não lê sobre isso diariamente nas redes sociais? Isso está sendo consolidado no inconsciente coletivo: a ideia de que todos os políticos são mau caracteres e portanto não terão mais o voto de ninguém.
O presidente deveria vir a público garantir que os envolvidos sejam  afastados até que se prove a inocência. Os cidadãos, por tudo que viveram nesses últimos anos, merecem essa deferência, essa manifestação de respeito.
Em vez de trabalharem 24 horas por dia em prol da própria sobrevivência política, há de existir alguém nesse governo que grite estar trabalhando pela sobrevivência do País. E esse alguém deveria ser o presidente da República, pois é para o cidadão que ele trabalha e não para os seus correligionários.
Em vez disso, o risco de uma lista fechada, que vai perenizar os larápios no poder, é cada vez maior. O cidadão comum, o pagador de impostos que sustenta toda essa engrenagem não acredita mais nessa solidariedade chamuscada do presidente Temer. Ou ele fala para si mesmo, tentando se convencer, ou continua subestimando o povo, pagando para ver. Isso vai custar muito caro ao País.
O cidadão comum enxerga naquela declaração mais uma demonstração de fraqueza e inabilidade, inda que nada seja claramente verbalizado. Esse estado de inércia aparente da população pode estar criando monstros incontroláveis, que discurso raso nenhum será capaz de conter.
Melhor faria Temer se concordasse em perder os anéis, pois o risco é de perder as mãos e os braços se ele não entender perfeitamente o cenário, saindo da bolha imaginária em que se postou desde que assumiu a presidência.

O Boletim

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