Dezenove dias depois da prisão de seu velho amigo Fabricio Queiroz, homiziado por um ano em imóvel de seu advogado Fred Wassef, e, não por coincidência, depois de dezenove dias em que esteve tentando demonstrar que vinha agora de farol baixo, de crina baixa, baixando a bola – pelo menos para os seus padrões de besta furiosa –, Jair Bolsonaro anuncia ao mundo que está infectado pela “gripezinha”.
E de que forma faz o anúncio ao mundo, após três semanas de esforço tremendo para trocar a faccia bruta, brutíssima, e a boca que não se fecha nunca, por um rosto dócil, um jeito apaziguador, conciliador?
Anuncia ao mundo que o teste para Covid-19 deu positivo com sinais dóceis, apaziguadores, conciliadores?
Dá mostras de que agora, enfim, quando a coisa chegou ao seu próprio corpo, vai levar em consideração o que todas, absolutamente todas as autoridades médicas defendem?
Demonstra que, afinal, aprendeu alguma coisa? Deixou de lado a posição negativista, anti-ciência, anti-lógica, anti-razão?
Há um exemplo. Outro populista de direita extremada como ele, com uma faccia tão de idiota quanto ele, o inglês Boris Johnson, ficou menos aferrado à falta de lógica depois de ter experimentado em seu próprio corpo o avanço do novo coronavírus.
E então, como fez Jair Bolsonaro no dia em que anunciou que testou positivo para o novo coronavírus?
Foi pelo menos um pouquinho menos irracional?
Poderia, não é mesmo?
Afinal, desde a prisão de Queiroz e do início da sua tentativa de parecer um pouco menos besta fera no meio da loja de louças, Jair Bolsonaro tem recebido tantos sinais positivos dos jornais que desancava diariamente, quase tanto quanto seu irmão siamês do outro lado, o Luiz Inácio, que ele poderia ter se encantado com esses gestos simpáticos.
Qual o quê.
O Bolsonaro que vimos no dia em que anunciou que está com o novo coronavírus é o mesmo velho e imbecil Bolsonaro de sempre. Estúpido no tratamento da imprensa: deu entrevista apenas para emissoras amigas, a TV criada pelo irmão siamês do outro lado, a TV Lula, hoje TV Bolsonaro, a CNN Brasil (que vergonha, CNN!) e a Record do bispo bilionário. Estúpido, idiota, diante da pandemia que já matou mais de 65 mil brasileiros: fez diversas frases infelizes para menosprezar o perigo e a letalidade da doença, e ainda por cima tirou a máscara na frente das equipes de jornalistas.
E insistiu na patética, absurda, abominável defesa da droga indefensável, a cloroquina.
Mau militar, como dizia Ernesto Geisel, mau deputado, Jair Bolsonaro, como camelô, não chega aos pés de Silvio Santos, de quem puxa o saco quase com a mesma devoção com que puxa o saco de Donald Trump, seu herói, com quem mantém essa vexaminosa relação sadomasoquista: quanto mais o gringo bate, mais o Capitão das Trevas goza.
***
Roberto Jefferson, o bandido que já mamou no mensalão do Lula e agora é um dos mais fiéis seguidores de Bolsonaro, escreveu no Twitter:
“Tão logo saiu a notícia de que o presidente Bolsonaro pode ter contraído coronavírus e os haters estão subindo a hastag (sic) Força Covid, com muitos desejando a morte dele. O Twitter não vai bloquear as mensagens por discurso de ódio?”
Um sujeito que não conheço, mas passei a admirar, chamado Rodrigo Gomes, respondeu: “Relaxa, é só uma gripezinha e ele tem histórico de atleta. Se agravar, é só dar cloroquina. E se ele vier a falecer, é o destino de todos. E eu não sou coveiro.”
Twitter e Facebook se encheram de belas gozações – que maravilha que uma imensa quantidade de brasileiros continue alerta, esperto, inteligente, firme contra a loucura, a idiotice, o apelo ao autoritarismo.
“Presidente com Covid. Desejo pronta recuperação ao Brasil!” (Avelino Alves)
“Calma, Covid. É só um presidentezinho.” (Martha Felizatti)
“Boçalnaro deu positivo para Queiroz, milícias, rachadinhas e preguiça.” (Zanoni Antunes)
Isso entre muitas, muitas, muitas outras boas frases, boas gozações.
Uma característica da reação das pessoas chama a atenção, por ser muito frequente, extremamente frequente: dezenas, centenas, milhares de pessoas demonstraram, nas redes sociais, não acreditar que Bolsonaro estivesse de fato infectado pelo novo coronavírus.
Tão firmemente convencidos de que de Bolsonaro só sai mentira, fake news, inverdade, falsidade, embromação, brasileiros às pencas se manifestaram dizendo que, da mesma forma com que mentiu no passado dizendo que os testes tinham dado negativo, ele estaria mentindo agora ao dizer que o teste deu positivo.
Seria uma forma de ele reafirmar suas teses anticientíficas: a de que o coronavírus nada mais é do que uma gripezinha, e a de que a cloroquina cura tudo.
A jornalista Cora Rónai fez a frase perfeita:
“Quando Bolsonaro disse que NÃO ESTAVA com Covid, ninguém acreditou. Agora ele diz que ESTÁ e, claro, ninguém acredita. Parece bobagem, mas só isso já bastaria para torná-lo inapto para o cargo: um presidente em cuja palavra NINGUÉM confia não tem como governar um país.”
É isso.
Bolsonaro não tem mais condições de continuar governando o Brasil.
Ah – estão dizendo muitos –, mas, diacho, um terceiro processo de impeachment em tão pouco tempo é ruim demais…
Nada é pior que Bolsonaro.
Um processo de impeachment em meio à pandemia não é pior que Bolsonaro.
Muitíssimo pior que um processo de impeachment em meio à pandemia é Bolsonaro.
Rodrigo Maia, meu caro, vamos trabalhar?
E de que forma faz o anúncio ao mundo, após três semanas de esforço tremendo para trocar a faccia bruta, brutíssima, e a boca que não se fecha nunca, por um rosto dócil, um jeito apaziguador, conciliador?
Anuncia ao mundo que o teste para Covid-19 deu positivo com sinais dóceis, apaziguadores, conciliadores?
Dá mostras de que agora, enfim, quando a coisa chegou ao seu próprio corpo, vai levar em consideração o que todas, absolutamente todas as autoridades médicas defendem?
Demonstra que, afinal, aprendeu alguma coisa? Deixou de lado a posição negativista, anti-ciência, anti-lógica, anti-razão?
Há um exemplo. Outro populista de direita extremada como ele, com uma faccia tão de idiota quanto ele, o inglês Boris Johnson, ficou menos aferrado à falta de lógica depois de ter experimentado em seu próprio corpo o avanço do novo coronavírus.
E então, como fez Jair Bolsonaro no dia em que anunciou que testou positivo para o novo coronavírus?
Foi pelo menos um pouquinho menos irracional?
Poderia, não é mesmo?
Afinal, desde a prisão de Queiroz e do início da sua tentativa de parecer um pouco menos besta fera no meio da loja de louças, Jair Bolsonaro tem recebido tantos sinais positivos dos jornais que desancava diariamente, quase tanto quanto seu irmão siamês do outro lado, o Luiz Inácio, que ele poderia ter se encantado com esses gestos simpáticos.
Qual o quê.
O Bolsonaro que vimos no dia em que anunciou que está com o novo coronavírus é o mesmo velho e imbecil Bolsonaro de sempre. Estúpido no tratamento da imprensa: deu entrevista apenas para emissoras amigas, a TV criada pelo irmão siamês do outro lado, a TV Lula, hoje TV Bolsonaro, a CNN Brasil (que vergonha, CNN!) e a Record do bispo bilionário. Estúpido, idiota, diante da pandemia que já matou mais de 65 mil brasileiros: fez diversas frases infelizes para menosprezar o perigo e a letalidade da doença, e ainda por cima tirou a máscara na frente das equipes de jornalistas.
E insistiu na patética, absurda, abominável defesa da droga indefensável, a cloroquina.
Mau militar, como dizia Ernesto Geisel, mau deputado, Jair Bolsonaro, como camelô, não chega aos pés de Silvio Santos, de quem puxa o saco quase com a mesma devoção com que puxa o saco de Donald Trump, seu herói, com quem mantém essa vexaminosa relação sadomasoquista: quanto mais o gringo bate, mais o Capitão das Trevas goza.
***
Roberto Jefferson, o bandido que já mamou no mensalão do Lula e agora é um dos mais fiéis seguidores de Bolsonaro, escreveu no Twitter:
“Tão logo saiu a notícia de que o presidente Bolsonaro pode ter contraído coronavírus e os haters estão subindo a hastag (sic) Força Covid, com muitos desejando a morte dele. O Twitter não vai bloquear as mensagens por discurso de ódio?”
Um sujeito que não conheço, mas passei a admirar, chamado Rodrigo Gomes, respondeu: “Relaxa, é só uma gripezinha e ele tem histórico de atleta. Se agravar, é só dar cloroquina. E se ele vier a falecer, é o destino de todos. E eu não sou coveiro.”
Twitter e Facebook se encheram de belas gozações – que maravilha que uma imensa quantidade de brasileiros continue alerta, esperto, inteligente, firme contra a loucura, a idiotice, o apelo ao autoritarismo.
“Presidente com Covid. Desejo pronta recuperação ao Brasil!” (Avelino Alves)
“Calma, Covid. É só um presidentezinho.” (Martha Felizatti)
“Boçalnaro deu positivo para Queiroz, milícias, rachadinhas e preguiça.” (Zanoni Antunes)
Isso entre muitas, muitas, muitas outras boas frases, boas gozações.
Uma característica da reação das pessoas chama a atenção, por ser muito frequente, extremamente frequente: dezenas, centenas, milhares de pessoas demonstraram, nas redes sociais, não acreditar que Bolsonaro estivesse de fato infectado pelo novo coronavírus.
Tão firmemente convencidos de que de Bolsonaro só sai mentira, fake news, inverdade, falsidade, embromação, brasileiros às pencas se manifestaram dizendo que, da mesma forma com que mentiu no passado dizendo que os testes tinham dado negativo, ele estaria mentindo agora ao dizer que o teste deu positivo.
Seria uma forma de ele reafirmar suas teses anticientíficas: a de que o coronavírus nada mais é do que uma gripezinha, e a de que a cloroquina cura tudo.
A jornalista Cora Rónai fez a frase perfeita:
“Quando Bolsonaro disse que NÃO ESTAVA com Covid, ninguém acreditou. Agora ele diz que ESTÁ e, claro, ninguém acredita. Parece bobagem, mas só isso já bastaria para torná-lo inapto para o cargo: um presidente em cuja palavra NINGUÉM confia não tem como governar um país.”
É isso.
Bolsonaro não tem mais condições de continuar governando o Brasil.
Ah – estão dizendo muitos –, mas, diacho, um terceiro processo de impeachment em tão pouco tempo é ruim demais…
Nada é pior que Bolsonaro.
Um processo de impeachment em meio à pandemia não é pior que Bolsonaro.
Muitíssimo pior que um processo de impeachment em meio à pandemia é Bolsonaro.
Rodrigo Maia, meu caro, vamos trabalhar?