20 de abril de 2024
Colunistas Ligia Cruz

Quem lacra, não lucra

Nestes tempos de polarização política, aquele velho ditado popular “o peixe morre pela boca”, é o que melhor define o que tem acontecido no país e talvez no mundo. Em outras palavras, quando falta o bom senso a boca paga.

O último exemplo de falastronice aguda partiu da ex-masterchef argentina, Paola Carosella, que se referiu a bolsonaristas como “escrotos e burros”, numa entrevista a um podcast. Uma ofensa grosseira e desnecessária da empresária do ramo da alimentação. E o povo não perdoou.

Foto: Google Imagens – Metrópoles

A reação nas mídias sociais foi implacável. Centenas de textos, áudios e memes foram publicados até mesmo com ameaças e sugestões para que ela volte para a Argentina para vender suas empanadas por lá, onde será só mais uma.

Mereceu, isso não se fala. Muitos de seus clientes certamente não colocam suas posições políticas no estômago, frequentam porque a comida é boa e ponto. Não estão interessados nas preferências políticas dos comerciantes, mas se for uma menção depreciativa de quem está alinhado com o atual governo, é estupidez.

Seu canal com cinco milhões de seguidores teve que ser fechado para comentários, devido às ofensas. Os jornais de esquerda publicaram que, no dia seguinte ao comentário, teve fila de espera em seus restaurantes. Uma espécie de apoio ao sincericídio da argentina. O que não significa nada, pois nem se sabe se é uma mera narrativa. Dessas que obviamente não passa pelas agências de checagem.

Mas consta que a nota de uma de suas marcas despencou de 4,5 para 1,7 – está tudo na mídia. O que demonstra um resultado indesejado.

Óbvio que alguns de seus pecados também vieram à tona. Entre seus depoimentos polêmicos está a estratégia utilizada para limar seus antigos sócios argentinos.

Como eles não estavam na linha de frente do negócio, ela usou de malandragem para afastá-los. Deu uma “largada” nos restaurantes para a receita despencar. Eles saíram da sociedade e ela voltou com tudo. Nada ética a hermana.

Nessa esteira de bocudos, está também Luiza Trajano, dona da Magazine Luiza. Ela alcançou o topo de popularidade quando esteve de braços dados com Dilma Rousseff e Lula, tanto que “teria sido convidada a ser vice” na chapa do petista.

Com o estreitamento do relacionamento com o partido que jogou o país na mais profunda crise de sua história, muitos enriqueceram. Essa demonstração de apoio e certas declarações de que “é socialista e a favor de distribuição de renda”, não pegou bem porque, na prática, ela não distribuiu nada, concentrou.

Os brasileiros prejudicados pelos crimes dos governos petistas começaram a boicotar as lojas e, com o fechamento do comércio durante a pandemia, a situação piorou.
O últimos resultados do balanço financeiro da Magalu atestam perdas de 30 bilhões de reais. As ações despencaram, com uma depreciação de 60% entre as chamadas B3. Uma resposta à arrogância que o cidadão que paga prestação para comprar um fogão, não traga. O resultado está aí.

Mesmo com o e-commerce mais ativo, Luiza está vendo seu negócio despencar.

Mas é uma pena que o brasileiro não leve os boicotes a sério para dar seu recado e se esqueça rápido das mazelas. A exemplo da Friboi/JBS, dos Batista, os irmãos corruptos denunciados pela Operação Lava-jato. Tiveram que mudar o nome dos produtos para emplacar vendas nos supermercados.

Há vários outros exemplos do bordão “quem lacra, não lucra”, que sequer merecem um mau destaque, porque publicar o nome já é lembrar de quem precisa ser esquecido.

Ligia Maria Cruz

Jornalista, editora e assessora de imprensa. Especializada em transporte, logística e administração de crises na comunicação.

Jornalista, editora e assessora de imprensa. Especializada em transporte, logística e administração de crises na comunicação.

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