Agora sabemos quais são os efeitos das grandes epidemias na humanidade. Não há como ignorar que mesmo os que não engrossaram as fatídicas estatísticas sairão ilesos dessa experiência. Toda família brasileira poderá ter uma ou mais vítimas da covid-19 em curto espaço de tempo.
Entre os indivíduos de diferentes países que tiveram o infortúnio de conhecer bem de perto a doença, sabe-se que há muito não se via algo tão arrebatador. Em três dias, após contaminar-se, a pessoa pode vir a falecer. Todo mundo conheceu ou conhecerá alguém com um desfecho assim.
As mídias sociais transformaram-se em obituários e espaços para homenagens póstumas. A maioria dos citados perdeu a vida para o coronavírus e suas consequências.
Se em todos os países infectologistas estão batendo cabeças, com erros de estratégia, falta de insumos, de medicamentos, de respiradores e infraestrutura hospitalar, há de se ter em conta a dificuldade de tomar decisões ante um fato desconhecido. Esse coronavírus é como uma Caixa de Pandora, cada vez mais surpreendente que seu antecessor, e que pode se desdobrar em versões cada vez mais mortais.
A pandemia da peste negra, no século 14, durou longos dez anos, até a ciência identificar que o vetor era o rato preto e suas pulgas cativas.
Por mais que as famílias se trancassem em casa fora do alcance de outras pessoas, por alguns buracos os roedores entravam e suas pulgas picavam as pessoas, transformando as residências em sarcófagos.
Pelo menos uma entre as três versões da peste atingia as pessoas. Além das pústulas pestilentas, havia a septicêmica e a pneumônica.
Só que não era um vírus, mas uma bactéria, a “yersinia pestis”, que dizimou um terço da população europeia durante a idade média. Porém, como muitos pensam a doença não foi erradicada. Ainda hoje há registros de infecções pela peste bubônica em vários cantos do mundo.
Só nos Estados Unidos de uma a 17 pessoas foram diagnosticadas entre os anos 2000 e 2018, especialmente no meio rural.
No Brasil, no ano de 1900, a peste negra provocou a morte de 295 pessoas, mas ficou restrita ao Rio de Janeiro. O fato é que a bactéria sobrevive em pequenos animais de áreas rurais e ainda está entre nós.
No caso do coronavírus-19, é difícil saber qual será sua evolução. O que a ciência já aprendeu é que esse coronavírus sofre mutações radicais em cada meio onde se manifesta, podendo gerar versões diferentes e cada vez mais perigosas.
Alguns enigmas ainda precisam ser desvendados, como a morte pela Covid de pacientes vacinados com as duas doses, mas que não foram imunizados. Caso do nosso saudoso compositor, Nelson Sargento, de 96 anos, no dia de ontem.
A nova cepa, a indiana, também já desembarcou no Brasil, através de um cidadão daquele país e que foi diagnosticado após chegar em São Paulo.
Até esperar a confirmação do teste o estrangeiro ficou perambulando livremente pelo aeroporto e ainda foi para o Rio de Janeiro, sem ser retido por qualquer autoridade aeroportuária ou sanitária.
Budgam (India), 20/05/2021.- Health workers collect a nasal swab sample from a Kashmiri man for coronavirus disease (COVID-19) testing, at Khag village, in central Kashmir’s Budgam district, some 50km from Srinagar, the summer capital of Indian Kashmir, 20 May 2021. Authorities have extended the COVID-19 lockdown in Indian Kashmir until 24 May in view of a surge of infections and deaths in the region. EFE/EPA/FAROOQ KHAN
Desse contato espera-se o surgimento de mais infectados e a dificuldade de lidar com mais uma cepa.
Por mais difícil que seja, é fato que o coronavírus-19 vai permanecer muitos anos entre os humanos e surgirá em diversas ondas de reinfecção. A ciência só considera a imunização segura até que 70% da população seja vacinada. No Brasil estamos longe disso.
Enquanto contamos nossas vítimas e choramos por elas podemos refletir sobre muitas coisas. Será que não passou a hora de pensarmos em controle da natalidade? Como está, é uma espiral sem fim.
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