Se não bastasse a triste realidade de estarmos em uma profunda crise de saúde global, cada país tem enfrentado seus próprios tormentos para equilibrar suas economias. Não está fácil para ninguém.
Na maioria dos continentes o vírus está desacelerando, mas recuperar os mercados é um desafio bem diferente.
Aqui no Brasil, caminhar em tradicionais ruas de compras de atacado em São Paulo é de entristecer. Em cada quarteirão do Brás há meia dúzia de lojas fechadas. Até endereços tradicionais que sempre abasteceram lojas pelo país e que artesãos sempre compraram itens para transformação, estão de portas abaixadas. O clima é de velório.
É possível que este cenário seja encontrado também mundo afora. A humanidade ainda não tinha vivido algo assim. Os estragos serão definitivos para muitos e por tempo imprevisível.
O fato mais recente nesta pandemia é que o vírus já chegou a todos continentes e na maioria das nações, com exceção de cinco. São eles Dominica, Nova Caledônia, Anguilla, Ilhas Falkland e Macau.
Umas poucas nações têm menos de vinte mortes, mas são países pequenos com população abaixo de 10 milhões de habitantes. Burundi, por exemplo, teve 4.418 casos e apenas 6 mortos. O Laos registrou 1.751 contaminados e 2 mortos. No Butão, encravado no planalto do Himalaia, uma morte em 1.338 casos. Cada qual enfrentando suas realidades.
Várias guerras estão sendo travadas no planeta, em campos diversos, com destaque para o universo científico. Levam vantagens neste aspecto países fornecedores de insumos para a indústria farmacêutica e que são capazes de desenvolver suas próprias vacinas, além de medicamentos para conter os sintomas mais graves.
A China e a arquirrival Índia são os maiores produtores de insumos do mundo. Enquanto a primeira saiu do olho do furacão em silêncio, a segunda enfrenta mais uma mutação do coronavírus, com características muito agressivas. Existem os insumos lá, mas a Índia tem problemas estruturais e fitossanitários.
Não há tempo para produzir em escala tão elevada e em breve tempo. É tanta gente que qualquer número vai ficar sempre aquém.
O pior é que a Índia pode desencadear mais uma onda mundo afora, com esse vírus modificado. O país está vivendo o maior pico do número de casos e de óbitos, desde que a pandemia começou.
De fornecedora a Índia passou a usuária dos elementos que produz e fornece aos grandes laboratórios. Com uma população acima de um bilhão de pessoas tornou-se também a maior consumidora.
Vizinha da China, não fosse pela barreira natural dos Himalaias, talvez a pandemia tivesse chegado bem antes por lá. Muitos países já estão sentindo os efeitos do desaceleramento no fornecimento de insumos para os outros países porque a ordem agora é abastecer o próprio mercado.
Outro fato preocupante é que naquele enclave o Paquistão e Bangladesh também são super populosos. E enquanto não houver controle por lá o mundo está em risco.
Em casos de mortes por milhão, Itália, Estados Unidos, Suécia, Brasil, Alemanha e outros já engrossam a lista e saíram da segunda onda.
Se, mesmo naqueles países-ilhas da Oceania o coronavírus chegou, não há paraíso na Terra.
Após o ataque à pandemia será necessário que os países se ajudem financeiramente para evitar o colapso em escala mundial, que não é bom para ninguém. O que se sabe é que nessa guerra invisível, não vai sobrar pedra sobre pedra.
Jornalista, editora e assessora de imprensa. Especializada em transporte, logística e administração de crises na comunicação.