18 de abril de 2024
Colunistas Junia Turra

Natal é nascimento. Que tal reNascer? Eu te pergunto: que memória você tem de você?

A memória mais marcante que eu tenho de mim mesma é de um Natal na casa da minha avó.


Eu tinha 4 anos. Ela entrou na sala de visita e deixou a porta entreaberta. Eu fui atrás dela, entrei na sala e parei. Fiquei ali olhando a minha avó, a árvore de Natal. E…

Lá estava a Copa, cozinha e a boneca Belinha.

Eu repeti isso o ano inteiro: ‘Belinha e Copa-cozinha’… ‘Copa-cozinha e Belinha’… Desenhei a cartinha para o Papai Noel, colocaram no telhado.
E quando eu vi a Belinha e a Copa-Cozinha… A Copa-Cozinha e Belinha…

Minha mãe gritou: Aaaaaaah, Pauloooo, corre aqui. Mããeeeee (ela gritava pra mãe dela), você não está vendo, ela estragou tudo. (“Ela” era eu).

– Paulooooo, essa menina não tem jeito. Só faltava isso agora…

Eu pensei: ôôô… Que chatice esse grito. Ela não para de falar e gritar. E me escondi atrás da porta. Não estava com medo, não, mas a minha mãe gritava demais.

Me vejo ali de vestido curto, bota, observando a cena.

A minha avó sorrindo piscou o olho pra mim e lá vem meu pai.

Com tanta gritaria da minha mãe – ela não parava – ele puxou a porta e disse: “o que você fez?” ( Cara de bravo). Respondi : Nada!

E a minha mãe aos berros: elaaaa estragou tudo, entrou na sala onde estão os presentes.(Fiz aquela cara de tédio)

E o meu pai perguntou de novo um pouco mais bravo: “por que você fez isso? Entrou na sala? Você sabe que tem que esperar a meia-noite”.

Respondi: a minha avó não esperou. Ou já é meia-noite?

E ele: você não pode entrar e pronto.

Eu: por quê? Ele: já disse que não!

Eu: a minha avó entrou. Você falou com a minha avó?

Ele: Falei com você

Eu: e com a minha avó?

A minha avó chegou mais perto e disse para o meu pai: “com essa aqui dialogue e argumente. Gritar, berrar, mandar, não vai funcionar.

Meu pai parou, olhou pra mim, e eu de rabo de olho, olhando pra minha avó, falei: se ela entrou, eu entrei e você entrou também.

Meu pai abriu um sorriso, me pegou no colo, me abraçou apertado, me levou até a janela enorme. E me mostrou o céu.

“Este ano o Papai Noel passou primeiro aqui, porque ele tem uma longa viagem”.

– Chegou antes da meia-noite, não é pai?

Eu. A maior animação! Balançava a cabeça, abraçava o meu pai.

– Bem antes, meu pai disse. Mas ainda dá tempo de você ver o Papai Noel indo embora com o trenó.

Você está vendo aquela nuvem ali? E ele apontava com os dedos…

E eu… Pai, eu vi só duas renas… Não é?

– Olha direito, ali do outro lado…

– Pai, eu vi o Papai Noel. Eu vi…. Você viu?

– Vi sim!

– E eu abracei meu pai apertado e nós rimos e ele me abraçou muuuito apertado.

– Papaizinho!

E a minha avó piscou o olho e mandou um beijo pra mim.

‘ Belinha, Copa-Cozinha… Copa-Cozinha e Belinha. ‘

E ali eu me vejo, desde sempre assim.

E eu aprendi que a realidade é uma só.

Mas pode ser vista de vários ângulos e isso faz toda a diferença.

Deixei pra você algumas mensagens de Natal, em que a realidade foi trabalhada dentro do que eu escrevi acima.

As perspectivas… Escolha a sua e responda qual a primeira memória que você tem de você?

Feliz Natal
Frohe Weinachten
Feliz Navidad
Joyeux Noël
Merry Christmas
Buon Natale
Hyvää Joulua
Veselè Vianoce
God Jul
Zorionak
Bon Nadal

Junia Turra

Jornalista internacional, diretora de TV, atualmente atuando no exterior.

Jornalista internacional, diretora de TV, atualmente atuando no exterior.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *