9 de outubro de 2024
Joseph Agamol

Amazônia Brasileira


Por longo tempo toda região amazônica foi posse da coroa espanhola.
Em 1494, antes da descoberta do Brasil, a assinatura do Tratado de Tordesilhas mudou substancialmente o mapa das disputas territoriais. A partir de 1540, no Brasil colônia, tiveram início as primeiras expedições portuguesas na região amazônica.
Ainda que na época a maior parte do território estivesse sob domínio dos espanhóis, foram os portugueses que mais se empenharam em protegê-lo da invasão de outros países, como Inglaterra, França e Holanda.
Em 1637, Portugal organizou a primeira grande expedição à região. Um contingente de 2 mil pessoas se embrenhou na selva e deu início à exploração de frutos como o cacau e a castanha, conferindo à empreitada colonial uma forte conotação comercial.
Só depois de muita luta, em 1750, com o Tratado de Madri, Portugal passou a ter direito sobre as terras ocupadas na região Norte do país. Esse foi o início do estabelecimento da fronteira brasileira na região amazônica, que culminou finalmente no século 20, com a anexação do Estado do Acre.
Na era Vargas (1930-1945) a colonização da floresta passou a ser vista como estratégica para os interesses nacionais. Na ocasião foi anunciado como feito épico a ‘Marcha para o Oeste’. Desde então cresceram os incentivos governamentais à exploração da floresta. Estradas foram abertas para facilitar o desenvolvimento da região. Durante a ditadura militar, a política para a Amazônia ficou conhecida pelo lema “Integrar para não entregar”.
Esses são capítulos cruciais para se entender que a soberania territorial brasileira sobre a Amazônia não se deu de mão beijada, pela condescendência solidária das potências mundiais.
De 1540 aos dias de hoje, quer dizer, desde que os portugueses tomaram posse da região, os dados começaram a ser mais abundantes, atestando que muitas florestas caíram, especialmente no litoral, para retirada de madeiras e uso agropecuário da terra.
As sucessivas camadas de informação revelam que o problema se agravou profundamente. Estima-se que o país tinha originalmente cerca de 90% da sua área coberta por formações florestais variadas, o restante constituído de campos.
Em 2000 a proporção total havia baixado para 62,3%. Regionalmente a situação é ainda mais preocupante. Alguns biomas específicos tiveram reduções muito maiores, especialmente a Mata Atlântica, uma das florestas mais ricas em biodiversidade do mundo, da qual hoje resta menos de 13%, e em estado altamente fragmentado, o que acentua sua fragilidade.
Se considerarmos que em aproximadamente 500 anos grande parte da cobertura florestal original do país (62,3%) permanece intacta, a pergunta que se eleva sobre toda a politicagem nacional e internacional sobre a manutenção de grande parte do sistema florestal se deve a quem?
No meu entender se deve às figuras extraordinárias do Brasil, como o marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, conhecido como Marechal Rondon, um engenheiro militar e sertanista brasileiro, famoso por sua exploração do Mato Grosso e da Bacia Amazônica Ocidental e por seu apoio vitalício às populações indígenas brasileiras.
Se deve também a figuras notáveis como os irmãos Orlando, Cláudio e Leonardo Villas Boas que tomaram parte desde as primeiras atividades da vanguarda da Expedição Roncador-Xingu criada pelo governo federal no início de 1943 com o objetivo de conhecer e desbravar as áreas mostradas em branco nas cartas geográficas brasileiras.
Antes desses desbravadores, o índio aparecia para os colonos e no imaginário brasileiro como um “obstáculo” a ser descartado.
Foram eles e vários outros heroicos antropólogos que mostraram ao Brasil e ao mundo que a população indígena é um sustentáculo indispensável para a manutenção da dinâmica de um ecossistema tão vasto e complexo.
Sim! Reconheço que há muito a se fazer para minorar a devastação de um sistema tão valioso para o planeta. Mas não será através de hipóteses geopolíticas montadas em gabinetes governamentais atrelados à interesses dos gigantes da economia global, apoiados pela histeria de ecoativistas multinacionais, que se fará mais e melhor do que os próprios brasileiros fizeram no correr de 500 anos.
Para quem é afetado pela “baixa estima nativa” essas considerações serão entendidas como um surto nacionalista xenófobo em defesa do indefensável povo brasileiro; ‘um ser desprezível, abatedor de florestas, alheio `às belezas da natureza e que visa a barbárie e ao caos’.
No íntimo acreditam que as investidas antecedentes ao Tratado de Tordesilhas que frustrou as intenções dos civilizados países Inglaterra, França e Holanda, foi um “azar” que se abateu sobre o Brasil.

Joseph Agamol

Professor e historiador como profissão - mas um cara que escreve com (o) paixão.

Professor e historiador como profissão - mas um cara que escreve com (o) paixão.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *