Aos poucos, os elétricos vão se tornando mais comuns por aqui, especialmente nas ruas das grandes cidades. Nem tanto os carros de passeio – que, de um modo geral, ainda têm um custo alto o suficiente para espantar a maioria dos potenciais compradores, mas sim aqueles usados em logística. Desde a entrega de pequenas encomendas (ou “delivery”, como preferem os alglófilos) ao transporte de cargas compatíveis com os veículos urbanos de carga, os VUCs, que têm porte compatível com o trânsito e, em capitais como o Rio e São Paulo, são os únicos autorizados a circular em uma faixa mais ampla de horário.
No Rio, a rede de supermercados Zona Sul é uma das que tem usado triciclos elétricos (acima) para fazer as entregas aos clientes nas regiões mais próximas às suas lojas. Circulando em velocidade não muito superior a dos modelos “a pedal” que estão substituindo (até 40 km/h), esses veículos têm como uma de suas vantagens a possibilidade de subir ladeiras sem exigir preparo físico atlético de seus condutores. Aliás, poupados do esforço de um modo geral, os entregadores conseguem até fazer um número maior de entregas durante o mesmo expediente. Como os trajetos são curtos, a auonomia de 30 km é bastante razoável e a recarga pode ser feita durante a noite.
Já a rival rede Pão de Açúcar, além dos triciclos, começou também a usar experimentalmente, em julho último, vans elétricas (acima) para entregas em bairros específicos do Rio e São Paulo. Nesse caso, as distâncias percorridas podem ser maiores, pois o veículo tem até 300 km de autonomia, o que permite fazer entre 15 e 30 entregas por dia. A mesma opção fizeram outras empresas bem conhecidas, como a grande varejista Americanas e os Correios, Mercado Livre, DHL e Ambev, que já começam a fazer essa transição em nosso país. A gigante Ambev, por exemplo, já encomendou mil novos caminhões movidos por baterias (abaixo) à novata (startup) Fábrica Nacional de Mobilidade (FNM), a serem todos entregues até o fim de 2023.
Afinal, a troca compensa?
A mudança, claro, é bem-vinda, melhora a qualidade do ar que todos respiramos, contribui para – quem sabe – diminuir a velocidade do indesejado aquecimento global etc, mas será que é vantajosa para as empresas? Para Guilherme Juliane, CEO da empresa de logística paulista Move3, que atua somente em rotas urbanas, atendendo a 25 franquias e que, este ano, substituiu sua frota de bicicletas e caminhão por modelos elétricos (no alto da matéria e mais abaixo), ainda é cedo para avaliar se, financeiramente, a troca foi um bom negócio. Algumas vantagens, no então, já são fáceis de perceber.
“O custo de combustível e manutenção são menores”, diz ele. “Não existe a necessidade de troca de óleo, por exemplo, e o motor é muito mais simples que os tradicionais a combustão. Além disso, a sociedade hoje está cada vez mais atenta ao cuidado com o meio ambiente. Então, ao fazermos a nossa parte, cumprirmos compromissos ambientais, temos também uma resposta positiva do público”.
Guilherme conta que não houve necessidade de treinamento especial de seus motoristas para que pudessem passar aos caminhões elétricos, pois não há diferenças expressivas na direção. E a equipe gostou da mudança. “Segundo os motoristas, o caminhão elétrico é muito bom de conduzir, por ser mais confortável e macio. A frenagem é um pouco mais brusca que a dos caminhões tradicionais que usávamos, por ter um sistema de freio a ar, mas também responde de forma mais rápida”.
A autonomia e o tempo de recarga, porém, obrigou a empresa a ajustar seu plano de entregas. “O veículo tem uma autonomia média de 300km, o que impede de ser usado em rotas longas. E mesmo que exista ponto de carga no caminho, essa recarga demora até 8 horas para chegar ao nível máximo”, explica.
Perguntado sobre que conselho daria a outros empresários que pretendam migrar suas frotas de veículos para a matriz elétrica “limpa” neste momento, ele sugeriu que, antes de decidir pela migração, essas empresas façam testes com esses modelos “Isso permite avaliar a operação, entender as necessidades, estimar os custos de investimento, manutenção etc. A partir dos resultados, é possível identificar que tipo de veículo será mais interessante para a empresa no momento e como ela deve fazer essa transição”.
Fonte: Blog Rebimboca