O Yaris Sedã provavelmente não é, entre os três volumes compactos produzidos aqui no Brasil, o que mais chama a atenção nas ruas. Tampouco é o mais rápido, nem o mais econômico ou o mais espaçoso. O mais equipado? Nem perto disso, como mesmo modo como seu desempenho de vendas está longe do topo.
Por outro lado, ele não é o “menos” em nada, também. Começo assim este post-test-drive, com considerações que normalmente faço lá no final, e entrego logo qual é o que penso ser o seu diferencial em relação aos não poucos concorrentes que tem neste disputadíssimo segmento aqui no Brasil: o equilíbrio. Fosse um herói de ficção, ele seria daqueles que vencem suas batalhas pela astúcia, pela persistência e pela inteligência, não pela força bruta ou por algum tipo de poder extraordinário.
A alusão as histórias de ficção, claro, tem a ver com o formato que decidi usar neste post, algo com uma estética próxima das histórias em quadrinhos, com fotos que tratei em programas de edição de imagens para ficarem assim, com cara de “graphic novel”, publicações com sagas as mais variadas e que, entre outras, têm seu estilo muito influenciado pelos mangás japoneses. E, como o Yaris tem sua origem justamente na Terra do Sol Nascente, achei que ele seria um bom personagem para usar nesse meu, digamos, experimento editorial automotivo. Espero que gostem.
O começo
Quando fui buscar o Yaris Sedã na concessionária, levava na cabeça a definição que muita gente tem desse modelo por aqui, a de um “mini-Corolla”, versão júnior do três volumes mais vendido no mundo e que aqui no Brasil é uma espécie de referência em “carro confiável”. E, também, de carro “morno”, muito bom, silencioso, mas pouco emocionante.
O exemplar que me coube era uma versão intermediária do modelo, a XS, que não tem faróis em LED (apenas luzes DLR), calça rodas com aro 15″ e pneus 185/60 e não conta com outros recursos do mano topo de linha XLS. Seus bancos, por exemplo, são forrados mezzo em tecido, mezzo em couro artificial, e há acabamentos mais reluzentes aqui e ali, nomeio de um mar de plástico rígido e sem muitos detalhes.
Mas tanto por fora, quanto por dentro, é tudo muito bem montado, com visual agradável – sem maiores espalhafatos – e, de um modo geral, tem lá sua personalidade e funciona muito bem. Chamá-lo de “mini-Corolla” não é nada absurdo, mas a referência estética é a geração anterior do sedã médio, com quem ele realmente se parece um pouco.
Mesmo sendo intermediário, esse XS tem coisas bacanas, como chave presencial (com abertura automática da fechadura da porta por aproximação) e partida por botão, controles de mídia e borboletas para a troca de marchas do câmbio é automático CVT no volante – que só tem regulagem de altura. O painel é simples, mas bem completo em termos de informações, e é acompanhado por uma central de multimídia igualmente simples, mas fácil de usar e muito rápida em suas respostas.
Esse Yaris XS vem com alerta de colisão frontal que permite regular a distância mínima para o carro da frente, mas não freia o carro sozinho – apenas “ajuda” em casos extremos – e conta com um alarme para a mudança de faixa, quando não se aciona o pisca-pisca. E tem piloto automático (para manter velocidades constantes, apenas, em uma alavanquinha pendurada no volante). O sensor crepuscular acende os faróis quando fica escuro lá fora, mas os limpadores de para-brisas precisam ser acionados manualmente.
Ergonomia & espaço
A ergonomia, no geral, é boa, há portas USB na dianteira e na traseira e o ar condicionado dá conta do recado. Mas destoa disso o conjunto de teclas que fica alojado do lado esquerdo da direção, sob o painel. São seis delas, para ligar e desligar funções como alarme, controle de estabilidade, os tais avisos de mudança de faixa e de eminência de colisão e dois ajustes que interferem no comportamento do câmbio, em teclas “eco” e “sport”. Para mexer nisso, você vai ter de desviar a atenção do caminho, e elas não ficam lá muito visíveis. Poderiam ficar num lugar melhor.
Embora não seja o mais espaçoso de sua categoria, o Yaris leva bem quatro adultos – desde de que os que se sentarem atrás não tenham mais de 1,80m, pois o teto ali não é muito alto. Tem até um dublê de descanso de braço e porta-copos, que pode ser baixado do encosto do banco de trás, como nos carros mais caros. E oferece um porta-malas grandão, para 473 litros, maior até que o do irmão maior Corolla.
Dirigindo nosso personagem
Com um motor de quatro cilindros, 1.5 e 16 válvulas, o Yaris coloca à disposição do motorista até 110 cv de potência e 4,7 kgfm de torque, que levam direitinho os seus perto de 1.100 kg. O câmbio CVT e a boa construção e montagem, somados aos tais pneus de perfil mais alto e a uma boa suspensão voltada para o conforto, fazem ele rodar macio, suave e silencioso, sem ser molenga.
E, quando você consegue achar e acionar a tal tecla “sport”, sob o painel, ele até fica bem espertinho – mais do que eu imaginava, confesso. Isso porque, com essa seleção, o câmbio CVT “estica as marchas” (mantém os giros mais altos). Assim, o motor funciona nas faixas de melhor aproveitamento de sua força, ajudado também pelo comando de válvulas variável vvti – que trabalha justamente nessas rotações maiores, aumentando o tempo de abertura das válvulas e dando uma vitaminada geral no bicho.
Nesses momentos, a direção mais pesadinha do Yaris – que poderia ser mais leve na hora de se estacionar – se casa muito bem com a proposta, o motor ronca nervosinho e a sensação geral, para quem curte um pouquinho de pimenta ao volante. Bacaninha, mesmo. É bom saber que o modelo vem com quatro air-bags, controles de tração e de estabilidade. E tem aquele sistema que ajuda a partida em subidas, também.
Vale informar que, durante toda a minha semana de uso, havia álcool no tanque e a média de consumo, rodando praticamente somente no trânsito urbano, ficou em cerca de 9 km/litro, o que achei bem razoável.
Quanto custa?
Esse Yaris Sedã XL não tem opcionais disponíveis e seu preço sugerido é de R$ 107.920,00. Se vale a pena? Como as ofertas de modelos e marcas são muitas, isso depende também do estilo do comprador. Acho que os pontos altos do Yaris a se considerar são praticidade, confiabilidade e valor de revenda. No restante, ele fica na média. Mas, como comentamos lá no começo, em muitas batalhas, quem vence é justamente o personagem mais equilibrado. O desfecho, mesmo, vai depender do roteirista.
Fonte: Blog Rebimboca