29 de março de 2024
Veículos

Que tal o Taos? Impressões do SUV médio da VW

Este nas fotos é o tal do Taos (com o perdão pelo trocadilho meio óbvio), esportivo utilitário de porte médio da Volkswagen, com o qual tive oportunidade de conviver por alguns dias aqui no Rio. Neste post, falo sobre essa breve experiência e, também, do que penso serem os pontos fortes do carro. Antes, porém, vamos a uma pequena contextualização.

Até o final da década passada, quando lançou o T-Cross, a Volkswagen só vendia no Brasil dois SUVs importados do hemisfério norte, o grandão Touareg e o compacto médio Tiguan. Ou seja, embora estivesse presente em segmentos mais sofisticados (e caros) do mercado, a marca não competia com as demais montadoras naquela fatia que, desde o final dos anos 2000 vinha crescendo mais fortemente: o dos SUVs compactos. A demora custou caro à marca alemã, que, em parte por isso, perdeu várias posições em nosso mercado, onde já fora líder isolada por anos a fio.

Em 2018, enfim, a Volks lançou o já mencionado T-Cross, construído sobre a plataforma da linha Polo (hatch e sedã, o Virtus) – mesma base que daria origem ao “SUV coupé” Nivus, dois anos depois. Investindo firme nesse tipo de automóvel que, afinal de contas, tem sido o preferido dos consumidores de classe média em nosso país, a VW não parou por aí e, em 2021, apresentou o Taos.

Produzido na Argentina, o Taos tem como grande rival o best-seller da Jeep, o (bom) Compass, principal “ator” entre os utilitários esportivos de porte médio por aqui. E, como um segundo oponente, também o (recente) Toyota Corolla Cross – há modelos de outras marcas nessa mesma faixa, mas seus números de vendas, ao menos no momento, não são tão expressivos. Para enfrentá-los, a montadora caprichou no projeto, desenvolvido sobre mesma plataforma utilizada por modelos consagrados como o Jetta.

No fundo, no fundo, com seu motor 1.4 Tsi (em linha desde o início da década passada) e uma suspensão quase idêntica à do sedã, o Taos “anda parecido” com ele, a despeito do centro de gravidade mais alto e dos pouco menos de 100 kg a mais. Sim, esse é um SUV que, em movimento, “até parece um carro médio” (parece, mas não é, que fique claro).

Não que seu comportamento seja o de um esportivo, ou mesmo cative por suas respostas rápidas (como nas versões mais caras do irmão Tiguan, com seu 2.0 turbo de 220cv), mas seus 150cv de potência e 25,5 kgfm de torque, gerenciados por um agradável câmbio automático de 6 velocidades, são suficientes para levar com alegria passageiros e bagagens pela estrada afora ou pelo trânsito nosso de cada dia. Segundo a fábrica, ele leva 9,3 segundos para sair do zero e chegar a 100 km/h. E é justinho, equilibrado e – para um SUV – oscila pouco.

Daí que talvez o maior mérito do Taos seja exatamente o prazer que dá a quem o dirige. Prazer que não cobra lá tanto assim no posto: com gasolina, ele faz 10,2 km/l na cidade e 12,2 km/l na estrada, segundo o Inmetro.

Versões e recursos

Aqui no Brasil o Taos está disponível em duas versões: Comfortline e Highline – esta segunda, topo de linha, é a que você vê nas fotos. Seus preços são próximos aos das versões equivalentes do rival Jeep Compass, com recursos de conforto e segurança também equivalentes. Entre eles, o sempre bem-vindo (em SUVs, principalmente) teto solar panorâmico. Lá estão praticamente todos aqueles equipamentos que se espera em um utilitário de mais de R$ 200 mil (R$ 212.270 com o teto opcional, para ser mais preciso), como sensores de chuva e de crepúsculo (para ligar limpadores e faróis), banco do motorista com regulagens elétricas, painel digital e tela de multimídia com conectividade e uma infinidade de funções, boa resolução e possibilidades de customização pelo motorista, bancos confortáveis forrados em material semelhante ao couro, bom som e alto-falantes, ar-condicionado automático com saída também para o banco de trás… A lista é extensa.

No quesito segurança, lá estão, também, entre outros, controles de tração, estabilidade e partida em rampa, aviso de colisão com frenagem automática de emergência, detetor de ponto cego, assistente de permanência em faixa, comutador automático de faróis altos (para não ofuscar os outros) e um conjunto de seis air-bags.

E o espaço para passageiros e bagagens é ótimo, graças a 2,68m de distância entre-eixos. Atrás, há espaço para gente pernuda se espalhar bem até. Painéis e acabamentos de portas, forrações etc. são corretos, mas poderiam ter menos plásticos duros e mais aconchego, com superfícies acolchoadas. Como a porta do porta-malas é grande, senti falta de acionamento elétrico: um botãozinho, especialmente para que se fechasse automaticamente, seria muito bom. E, no mesmo espírito, quem sabe um amortecedor para manter o capô (do motor) aberto, em vez daquela bengalinha de ferro que é igual nos carros mais baratos, desde os anos 1940, pelo menos?

Em termos de estilo, por fora, o Taos é o irmão mais certinho dos SUVs da VW – ou SUVWs, como a marca gosta de chamar. Linhas retas, algo previsíveis, sóbrias. Nada contra. Esse é o seu estilo e, afinal de contas, lhe dá bastante personalidade. Um jeitão que se repete, também no desenho do painel, onde a já mencionada tela de multimídia fica embutida – e não “flutuante”, como é a tendência em boa parte da concorrência. Mas, se querem saber, pessoalmente, até prefiro assim, ou alguém aí se lembra de limpar atrás daquelas telas “soltas” de vez em quando, para tirar dali a poeira que se acumula?

E então?

No fundo, o que a imensa maioria dos compradores de um SUV de porte médio procura é aquilo que os compradores de minivans no final do século passado buscavam e o que os donos de camionetes – ou peruas ou station wagons – também miravam até não faz muito tempo: um carro família, que possa dar conta das demandas de casa, encarar estradas com lotação esgotada e mais bagagens; que seja prático e, hum, unissex e, claro, que satisfaça o desejo de consumo do momento.

O Taos atende muito satisfatoriamente às necessidades familiares que um bom carro desse tipo tem de atender, tem atributos de direção capazes até de colocar um sorriso no rosto do (ou da) motorista, mesmo naqueles momentos em que os três pequenos no banco de trás estiverem mal humorados e, claro, tem porte, visual e altura de SUV suficientes para ir ao sítio por uma estrada de terra que não exija muito.

Se esse é o seu perfil e você quer trocar de carro, no mínimo, vale fazer um teste drive com ele.

Vamos à ficha técnica do Taos Highline 2022:

Motor:

Dianteiro, transversal de quatro cilindros e 16 válvulas, 1.400 cc (1.4 litros), turbo com injeção direta, flex.

Tração dianteira

Câmbio automático de 6 marchas com opção de trocas manuais e função “sport”

Potência: 150 cv, torque 25,5 kgfm (valores iguais para álcool e gasolina)

Velocidade Máxima 198 km/h (álcool)

Aceleração: de 0 a 100 km/h em 9,3 segundos

Direção assistida elétrica

Suspensão dianteira tipo McPherson com barra estabilizadora, rodas independentes e molas helicoidais.

Suspensão traseira multibraço, rodas independentes e molas helicoidais.

Freios: discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira

Dimensões (mm): altura 1.635. largura 1.841, comprimento 4.465 e entre-eixos 2.690.

Peso: 1.420 kg

Capacidades (litros)

Tanque 52

Porta-malas 498

Fonte: Blog Rebimboca

Henrique Koifman

Jornalista, blogueiro e motorista amador.

Jornalista, blogueiro e motorista amador.

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