Aí estou eu novamente… quer dizer, aí estava eu, nos idos de 1993 ou 1994, posando ao lado de um Renault Safrane RXE, para ilustrar um daqueles primeiros test-drives que fiz profissionalmente para a antiga revista Ele Ela. Como já contei aqui, naqueles tempos, eu fora (é, a gente até usava os verbos em conjugações hoje quase esquecidas) incumbido de criar e manter uma coluna sobre automóveis, acreditem, como uma espécie de castigo, por um diretor editorial que não ia muito com a minha cara – e, como dá para notar, também não me conhecia direito, rs. Mas vamos às lembranças sobre o carro.
Até aquele momento, da Renault, eu só havia experimentado carros fabricados na Argentina e que eram os primeiros do portfólio da marca para o recém-aberto mercado brasileiro. Esses carros – modelos 19, 21 e Clio – eram bem mais simples e, principalmente, mais antiquados. Se não me falha a memória, alguns deles tinham ainda até carburador. O Safrane estava em outro patamar, um nível tão mais alto que chegava a ser chocante.
No texto para a revista (reproduzo em fac-símile mais abaixo), eu comentei que o carro contava com recursos vindos das pistas da Fórmula 1, onde a Renault fornecia motores para a então vencedora equipe Williams, como sua suspensão eletrônica inteligente e seu sistema de freios com ABS. E que aquele modelo era, também, o escolhido pelo “professor” Alain Prost para seu uso diário, daí a brincadeira do título deste prost, ops, post.
Com 170cv fornecidos por um V6 bacana (a Renault sempre foi boa com motores), que o levava de zero a 100 km/h em 10 segundos e a mais de 210 km/h de máxima, e um show de recursos e acabamentos, acho que aquele carro não faria feio hoje – bastando, quem sabe, substituir o toca-fitas com CD player por um sistema que tivesse conexões Bluetooth e USB. Bancos dianteiros com múltiplas regulagens elétricas e memória, espelho direito com “tilt down” (aquele recurso que, quando você engrena a ré, faz com que ele se ajuste para que possa enxergar o meio-fio), painel parcialmente digital… coisas que, hoje, podem até soar banais para modelos de luxo como aquele, mas que, naqueles tempos, a gente só começava a ver em importados da BMW e Mercedes.
Lançado um ano antes na Europa, o Safrane era um tremendo sucesso de vendas por lá, desbancando os concorrentes germânicos, inclusive. Aqui, pela completa raridade de sua presença nas ruas, presumo que não tenha tido tanto sucesso. Até porque seu preço – 77 mil dólares à época – não era dos mais convidativos.
reprodução da matéria de Henrique Koifman sobre o Renault Safrane 1993
Fonte: Blog Rebimboca