Há pouco menos de uma semana, a Citroën lançou aqui no Brasil um novo SUV compacto, o Basalt, que além do visual interessante e original – no estilo cupê –, chega como o mais barato modelo de seu segmento. Com preços entre cerca de R$ 90 mil e R$ 107,4 mil, na prática, esse novo Citroën pode até disputar compradores com modelos de outros segmentos, especialmente o dos hatches e sedãs compactos, que têm boa parte de suas versões cotadas nesta mesma faixa de preço. A convite da montadora, acompanhei o lançamento do Basalt em São Paulo e pude guiá-lo um pouco. Falo um pouco sobre isso neste post – e, em breve, com mais detalhes, em um vídeo na TV Rebimboca, no YouTube.
O Basalt é o terceiro modelo que a Citroën produz aqui no Brasil, em sua fábrica de Porto Real (RJ), sobre a a plataforma CMP, base do projeto/linha C-Cube, criada para os mercados emergentes. A família estreou aqui com o hatch C3, cresceu, com SUV C3 Aircross (de 5 ou 7 lugares) e, agora, se expande com mais este SUV compacto. Seu grande diferencial é o desenho cupê da carroceria, com aquele vidro que desce, na diagonal, do teto para a traseira do carro. O mesmo tipo de desenho que aparece em concorrentes brasileiros como o Volkswagen Nivus e o Fiat Fastback – e também em modelos importados (e bem mais caros) da Audi e da BMW.
Com um entre-eixos um pouquinho mais curto que o do “mano” Aircross, o Basalt é ainda bem espaçoso por dentro, inclusive para quem vai atrás. Ali viajam com conforto dois passageiros adultos – e, com um pouco menos de folga, até três, desde que não sejam muito corpulentos, E, no porta-malas, que se abre com a imensa porta traseira, ele comporta até 490 litros de bagagem. A versão topo de linha Shine, que eu guiei no test-drive, vem com o motor 1.0 turbo de 130 cv de potência e 20,4 kgfm de torque, acoplado a um câmbio automático do tipo CVT, o mesmo pacote que empurra outros modelos das marcas do Grupo Stellantis, como versões dos Fiat Pulse, Fastback e Strada; Peugeot 208 e 2008 e, da mesma Citroën, a topo de linha do hatch C3 e todas as versões do C3 Aircross.
No total, entre ruas engarrafadas de São Paulo, vias expressas, ótimas rodovias com máximas de até 120 km/h e até estradas de terra, eu rodei uns 200 km com ele. O suficiente para sentir que anda bem direitinho, com fôlego para retomadas rápidas no trânsito ou na estrada, sem precisar pisar muito no acelerador – mérito do motor turbinado, com bom torque em baixos giros – e até arrancadas mais vigorosas, quando necessário. A suspensão é bem macia (dizem que o ótimo acerto foi feito por técnicos da Fiat), sem comprometer a sensação de controle e estabilidade – pelo menos nos tipos de percurso que fizemos e que, cá entre nós, representam 99% do uso normal para um carro desse tipo. E, no geral, esse Basalt – pelo menos nesta versão turbinada – é um carro bem gostoso de se dirigir.
A direção com assistência elétrica é bem eficiente, aliviando o peso em velocidades mais baixas e endurecendo um pouco nas mais altas, e com respostas bem diretas, até. A boa sensação é ajudada pelo tamanho do volante, nem tão reduzido como no Peugeot 208 (que tem jeitão mais esportivo), mas que me pareceu um pouco menor que a média nesse segmento. O consumo, pelo que indicou o computador de bordo, foi bastante satisfatório, ficando próximo dos 12,5 km/litro na média neste bate-e-volta (entre SP e uma fazenda nas proximidades de Itu) que fizemos.
O Citroën Basalt em custo x benefício
Ter um design diferenciado e interessante, espaço interno acima da média, bom desempenho, conforto e a um preço tão competitivo a ponto de ser anunciado como “o SUV mais barato do Brasil” e, ainda, o “SUV turbo automático mais acessível”, como é de se esperar, tem lá o seu “custo” – ou precisa ser compensado de alguma forma. E, para colocar o Basalt no mercado por valores entre exatos R$ 89.990 (para a versão Feel, com motor 1.0 aspirado e câmbio manual de cinco marchas) e R$ 107.390 (para a First Edition Turbo 200), a Citroën certamente teve de “queimar as pestanas”, como diziam antigamente. Na escolha do que incluir – e do que tirar – do Basalt, o pessoal da marca deixou de fora itens como comando dos vidros elétricos das portas traseiras nas próprias portas (eles ficam no console central, atrás do freio de mão), faróis de LED (só as luzes DLR são assim), retrovisor interno antiofuscante, mais air-bags (são somente quatro deles), sistemas autônomos de emergência (como frenagem, manutenção de faixa e alerta de ponto cego) e chave presencial – ela, pelo menos, é do tipo canivete, e não do “fura bolso” que vinha com os outros C3 até o ano/modelo 2024.
Além disso, por mais que você procure com atenção, não vai achar nenhum pedacinho acolchoado ou emborrachado sequer nos painéis internos desse Basalt. A despeito do desenho bacana, o que impera são os plásticos duros, no máximo com uma diferença de textura aqui ou ali. Tudo, até onde percebi, bem montado, mas que chega a dar saudade dos materiais que eram usados nos antigos Citroën nacionais, como os C3 anteriores. Pelo menos, na versão Shine que guiei, os bancos têm uma forração mais caprichada, em material sintético semelhante ao couro natural, com costuras em cor. São confortáveis e têm ótima aparência.
O conteúdo básico, por outro lado, é caprichado. A central de multimídia, assim como nos outros C3 atuais, tem tela panorâmica e aplicativos e recursos fáceis de se usar, incluindo a boa câmera de ré. E o painel de instrumentos é sempre digital, em todas as versões, com uma quantidade relativamente reduzida de informações (configuráveis), mas de ótima visualização. O ar condicionado no Shine é digital e bem forte, e o nível de ruído interno é comparativamente baixo para um carro dessa faixa de preço, também.
No final das contas, somando – e diminuindo – tudo, acho que a Citroën conseguiu montar uma linha com um bom custo-benefício, especialmente se tudo isso for comparado com que o que as outras marcas oferecem nessa faixa de mercado.
Além do belo desenho, o maior chamariz do Basalt é o preço, a partir de uns noventa mil reais, na versão mais simples, chegando a cento e cinco na Shine. Ou seja, ele é hoje o SUV mais barato do mercado. Pra isso, a Citroën teve de economizar em alguns recursos e acabamentos, é tudo bem simples. Ainda assim, ele tem um custo-benefício bem interessante. Se vai – ou não – emplacar no gosto e no bolso dos consumidores brasileiros é o que veremos nos próximos capítulos – quer dizer, nos próximos meses.
Vamos aos preços e à ficha técnica do Citroën Basalt 2025:
Novo SUV Coupe Citroën Basalt Feel: R$ 89.990
Novo SUV Coupe Citroën Basalt Feel Turbo 200: R$ 96.990
Novo SUV Coupe Citroën Basalt Shine Turbo 200: R$ 104.990
Novo SUV Coupe Citroën Basalt First Edition Turbo 200: R$ 107.390
Ficha técnica – Citroën Basalt Shine Turbo 200 (Fonte: Citroën)
Motor
Posição: Dianteiro, transversal
Número de cilindros: 3 em linha
Diâmetro x curso: 70,0 x 86,5 mm
Cilindrada total: 999 cm³
Taxa de compressão: 10,5:1
Potência: 125 cv (gasolina) / 130 cv (etanol) a 5.750 rpm
Torque: 20,4 kgfm a 1.750 rpm (gasolina/etanol)
Nº de válvulas por cilindro: 4
Comando de válvulas: no cabeçote, com sistema eletrohidráulico Multiair III, com um
eixo para as válvulas de escape
Injeção: direta
Combustível: Gasolina/etanol
Transmissão
Câmbio automático, CVT (Continuamente Variável), com 7 marchas
Relações de transmissão:
1ª: 2,270
2ª: 1,600
3ª: 1,200
4ª: 0,940
5ª: 0,740
6ª: 0,580
7ª: 0,460
Ré: 2,604 a 0,416
Diferencial: 5,698
Tração: dianteira
Sistema de freios
Dianteiro: Disco ventilado (diâmetro de 284 x 22 mm) com pinça flutuante
Traseiro: Tambor (diâmetro de 203 mm), autoajustável
Suspensão
Dianteira – tipo: Independente, McPherson com barra estabilizadora e stop hidráulico
Amortecedores: Hidráulicos e pressurizados; Elemento elástico: Molas helicoidais
Traseira – tipo: Dependente, Eixo de torção e stop hidráulico, Amortecedores: Hidráulicos e pressurizados; Elemento elástico: Molas helicoidais
Direção
Assistência: Elétrica
Diâmetro de giro: 11 metros
Rodas e pneus
Medidas: 16” – liga leve
Pneus: 205/60 R16
Peso do veículo
Em ordem de marcha: 1.191 kg
Capacidade de carga: 400 kg
Dimensões externas/capacidades
Comprimento: 4.343 mm
Largura da carroceria: 1.821 mm (c/espelhos rebatidos) / 2.014 mm
Altura do veículo: 1.585 mm
Distância entre eixos: 2.645 mm
Altura mínima do solo: 180 mm
Ângulo de entrada: 20,5°
Ângulo de saída: 28º
Volume do porta-malas: 490 l (padrão VDA)
Tanque de combustível: 47 litros
Consumo PBEV
Urbano: 11,9 km/l (gasolina) / 8,3 km/l (etanol)
Estrada: 13,7 km/l (gasolina) / 9,6 km/l (etanol)
Fonte: Rebimboca Comunicação