Até que o sol apareceu no domingo. Mas foi embora, deixando apenas o frio.
Foi um domingo de futebol em que mais uma vez foi possível confrontar a burocracia dos nossos times e a objetividade europeia. Houve jogos importantes, aqui e lá a decisão da Copa dos Campeões.
Na medida em que avanço no magnifico livro de Amin Maalouf, observo que ele avança da tristeza com o fracasso do mundo árabe para o declínio do mundo ocidental, o mundo onde vive pois mora em Paris.
Ele define o ano de 79 como decisivo. E considera duas revoluções como motor desse processo que vivemos até hoje. Ambas aconteceram em 79: a chegada ao poder dos aiatolás no Irã e de Margareth Thatcher na Inglaterra.
A chegada ao poder dos aiatolás dinamizou a luta fratricida entre xiitas e sunitas. O governo Thachter encerrou um longo ciclo, abrindo caminho para as forças de mercado e a sensação de que a busca do interesse de cada um acabaria magicamente resultando na melhor saída para a economia.
Naturalmente existem outras causas e outros fenômenos que analisa também como o colapso da antiga União Soviética e as mudanças na política americana que acabaram resultando em Trump.
Com o tempo, vou escrever um artigo sobre o livro. Aqui no Brasil, por falar em declínio, Bolsonaro afirmou hoje a um repórter que lhe perguntou sobre cheques de Queiroz a Michelle:
“Tenho vontade de encher tua boca com uma porrada”.
Essa frase repercutiu e creio que será discutida nos próximos dois dias, até que seja sepultada por outra da mesma gravidade.
Para mim, que vivi anos na política, quando uma pessoa reage assim como Bolsonaro reagiu está apenas indicando que está aí o ponto fraco, que bateram na sua ferida. Com esse tipo de reação, ele não só prolonga o caso Queiroz como indica a todos os seus adversários onde está mais vulnerável.
Só me resta concluir a leitura do Naufrágio das Civilizações e pensar se posso incluir ou não minhas lembranças brasileiras nesses descaminhos civilizatórios.
Aliás, comparei por várias vezes a experiência de Thachter com a de Bolsonaro, apesar dos anos de diferença. O tempo mostrou que a visão vitoriana da Dama de Ferro não se impôs nos costumes e aqui no Brasil revela que a visão ultraliberal não avança como se esperava. Terei de rever o balanço.
Coisas de fim de semana. Amanhã, o cotidiano deve nos envolver de novo. Publico um artigo no Globo sobre uma canção e orçamento nacional. É um Calypso chamado Matilda que dizia: Matilda, Matilda, she take me money and run Venezuela.
Parece loucura. Deem uma olhada, se houver tempo.
Fonte: Blog do Gabeira