Dia meio cinzento no Rio e estou aqui preso com mais um depoimento na CPI. Marcelo Queiroga, Ministro da Saúde, disse uma coisa sobre a demissão da Dra. Luana Araujo, insinuando que foi barrada pelo fator político num regime presidencialista. Agora, nega tudo isso e disse que a demitiu porque Luana tinha uma posição muito firme sobre alguns temas e isso divide os médicos. A secretária Mayra Pinheiro também tem uma opinião firme a favor da cloroquina e nem por isso caiu.
Tudo bem. Queiroga é um equilibrista e acredita que pode fazer qualquer coisa para cumprir sua missão. A história está cheia de casos assim, pessoas que integram governos condenáveis mas acham que estão realizando, apesar de tudo, algo edificante.
Bolsonaro andou atribuindo ao Tribunal de Contas a notícia de que as mortes por Covid-19 foram aumentadas em 50 por cento. O TCU o desmentiu. Bolsonaro admite que usou dados falsos, mas mantém as suspeitas. O essencial para ele é isso: deixar uma suspeita no ar.
Esta é a tarefa do negacionismo. Lembro-me de que, após as primeiras mortes, alguns bolsonaristas diziam que os caixões estavam cheios de tijolos.
Hoje é dia de jogo e manifesto dos jogadores brasileiros. Vão disputar a Copa América normalmente. É possível que reclamem um pouco de não terem sido consultados. Mas só isso..
Foi uma batalha de Itararê. Muitas pessoas imaginaram que haveria uma rebelião dos jogadores da seleção, algo que jamais aconteceu na história.
Há até quem acredite numa purificação da CBF. Mas são ilusões.
Participarei amanhã de uma conversa com Fernando Henrique Cardoso para ouvi-lo sobre sua longa trajetória de intelectual. Invejável, não tanto pelo fato de ter alcançado a presidência, mas por estar comemorando 90 anos.
Ele veio da sociologia para a política. Por coincidência, estou lendo um relato sobre os anos 20 e constato que grandes sociólogos apareceram neste período de crise, Max Weber, Karl Mannheim, Norbert Elias. Mas certamente nossa conversa vai ser dominada pelas considerações históricas e políticas.
Leio que Bolsonaro designou Crivella como embaixador do Brasil na África do Sul, melhor diria, embaixador da Igreja Universal que tem interesses na região. Em Angola, ela sofre denúncias de lavagem de dinheiro e foi muito criticada pelo governo.
Leio no meu colega Lauro Jardim que Crivella tem o passaporte apreendido por causa dos processos de corrupção que responde no Rio. E agora?
Certamente vão dar um jeito. É típico. Podem até fabricar um novo passaporte.
Fonte: Blog do Gabeira