Hoje foi dia de depoimento da fiscal do contrato de compra da vacina Covaxin. Ela se chama Regina Célia de Oliveira e me pareceu uma burocrata pouco interessada, tanto que nem lia todas as comunicações que lhe eram enviadas.
A senhora recebeu o e-mail?
Fui apenas copiada, responde. No fundo o que queria dizer é o seguinte: não importa que tipo de contrato foi feito, minha tarefa é apenas ver se está sendo cumprido. Não me interesso por e-mails que não sejam endereçados originalmente a mim.
O problema é que Precisa é uma empresa tão sospechosa que erra na nota de várias maneiras: cobra indevidamente U$45 milhões, tenta fazer com o governo, contra o contrato, pague US$1 milhão de seguro e frete e apresenta documentos em nome da Matson com incríveis erros de inglês, claramente praticados por quem fala português.
É tudo muito confuso. O problema seria ouvir os dirigentes da Precisa. O STF deu a eles o direito ao silêncio. Mas ainda assim, valia a pena tentar alguma coisa.
Na verdade, o direito ao silêncio é constitucional. Mas a Constituição não proíbe investigações. Se houver pesquisa mesmo, esse contrato para a compra da Covaxin vai mostrar mais furos ainda do que mostrou. E essa empresa chamada Precisa que já foi Global e deu um cano no governo é o caminho para se entender como foi possível esse contrato maluco.
Apareceu o primeiro caso da variante Delta em São Paulo. Temos de ficar de olho. Bolsonaro iniciou um debate sobre dispensa de máscara. Felizmente, o Ministro Queiroga está segurando um pouco, à espera de um parecer de especialistas. Estamos longe da situação da Inglaterra, por exemplo, que já marcou o fim das restrições para o dia 19.
Em termos internacionais, um caso que interessa ao Brasil; um jovem brasileiro de 24 anos, Samuel Luiz, foi espancado até a morte numa casa noturna de Lá Coruña, na Espanha. O caso tem motivação homofóbica. Houve protestos em várias cidades espanholas. Interessante registrar essa reação da sociedade uma vez que aqui no Brasil ainda vemos coisas como a agressão do POC (Partido da Causa Comunista) ao grupo defensor da diversidade do PSDB, na manifestação de São Paulo. Esse POC é o mesmo que defende manifestações homofóbicas das torcidas de futebol, sob o argumento de liberdade de expressão.
O diretor Spike Lee mandou bala no Festival de Cannes, afirmando que o mundo está sendo dirigido por alguns mafiosos, citando especificamente Jair Bolsonaro, que ele considera um gangster.
Por hoje é só. Mais um dia encerrado. E até que deu sol.
Fonte: Blog do Gabeira
Jornalista e escritor. Escreve atualmente para O Globo e para o Estadão.