23 de abril de 2024
Colunistas Fernando Gabeira

Diário da crise CDLI

Hoje foi dia de depoimento da fiscal do contrato de compra da vacina Covaxin. Ela se chama Regina Célia de Oliveira e me pareceu uma burocrata pouco interessada, tanto que nem lia todas as comunicações que lhe eram enviadas.  

A senhora recebeu o e-mail?

Fui apenas copiada, responde. No fundo o que queria dizer é o seguinte: não importa que tipo de contrato foi feito, minha tarefa é apenas ver se está sendo cumprido. Não me interesso por e-mails que não sejam endereçados originalmente a mim.

O problema é que Precisa é uma empresa tão sospechosa que erra na nota de várias maneiras: cobra indevidamente U$45 milhões, tenta fazer com o governo, contra o contrato, pague US$1 milhão de seguro e frete e apresenta documentos em nome da Matson com incríveis erros de inglês, claramente praticados por quem fala português.

É tudo muito confuso. O problema seria ouvir os dirigentes da Precisa. O STF deu a eles o direito ao silêncio. Mas ainda assim, valia a pena tentar alguma coisa.

Na verdade, o direito ao silêncio é constitucional. Mas a Constituição não proíbe investigações. Se houver pesquisa mesmo, esse contrato para a compra da Covaxin vai mostrar mais furos ainda do que mostrou. E essa empresa chamada Precisa que já foi Global e deu um cano no governo é o caminho para se entender como foi possível esse contrato maluco.

Apareceu o primeiro caso da variante Delta em São Paulo. Temos de ficar de olho. Bolsonaro iniciou um debate sobre dispensa de máscara. Felizmente, o Ministro Queiroga está segurando um pouco, à espera de um parecer de especialistas. Estamos longe da situação da Inglaterra, por exemplo, que já marcou o fim das restrições para o dia 19.

Em termos internacionais,  um caso que interessa ao Brasil; um jovem brasileiro de 24 anos, Samuel Luiz, foi espancado até a morte numa casa noturna de Lá Coruña, na Espanha. O caso tem motivação homofóbica. Houve protestos em várias cidades espanholas. Interessante registrar essa reação da sociedade uma vez que aqui no Brasil ainda vemos coisas como a agressão do POC (Partido da Causa Comunista) ao grupo defensor da diversidade do PSDB, na manifestação de São Paulo. Esse POC é o mesmo que defende manifestações homofóbicas das torcidas de futebol, sob o argumento de liberdade de expressão.

O diretor Spike Lee mandou bala no Festival de Cannes, afirmando que o mundo está sendo dirigido por alguns mafiosos, citando especificamente Jair Bolsonaro, que ele considera um gangster.

Por hoje é só. Mais um dia encerrado. E até que deu sol.

Fonte: Blog do Gabeira

Fernando Gabeira

Jornalista e escritor. Escreve atualmente para O Globo e para o Estadão.

Jornalista e escritor. Escreve atualmente para O Globo e para o Estadão.

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