Foi triste ontem ouvir a notícia de que os médicos consideram o estado de Bruno Covas irreversível.
De um modo geral quando chegam a essa conclusão as chances de sobrevivências não existem mais.
Bruno Covas é muito jovem e vivia uma batalha gigantesca. É difícil gerir a maior cidade da América Latina, mais difícil ainda no auge de uma pandemia e, certamente, heroica, lutando simultaneamente contra um câncer.
Estive com ele poucas vezes. Sou bem mais velho, conheci Mário Covas e sempre menciono ele quando passo pela Br101 que ganhou seu nome.
Estivemos juntos nos comícios das diretas. Lembro-me que almoçamos em Recife e descemos no elevador para tomar a estrada de Garanhuns. Ele tinha um cigarro apagado na mão. Naquele época, creio, fazia um extraordinário esforço para não fumar, provavelmente já estava lutando contra o câncer.
Pelas leituras de reportagens sobre Bruno Covas, percebi que tinha sempre ao seu lado, o filho de 15 anos. O jovem lhe dava força e coragem. Certamente força para resistir mas esperança também de que de, de uma certa forma, a vida continuaria através do menino, talvez até quem sabe, pelos menos caminhos da política.
O sábado foi marcado por algumas manifestações em favor de Bolsonaro . Numa delas, o próprio Bolsonaro desfilou montado a cavalo em Brasília.
Mas as coisas não estão boas para ele nas pesquisas. Cerca de 49 por cento dos entrevistados apoiam seu impeachment. De um ponto de vista eleitoral, seu prestígio está desmanchando no momento.
As perspectivas não são boas. A CPI avança e quarta-feira ouvirá o general Pazuello que ganhou habeas corpus para não responder a certas perguntas.Mas nesse movimento, de alguma maneira, confessou que tem algo a esconder.
No quesito vacinas, o governo fala que já comprou o suficiente. O problema é que elas não chegam e começam a escassear. Muita gente está sem a segunda dose da Coronavac. E esta vacina foi aplicada em 80 por cento dos casos de imunização. Sem a segunda dose, a Coronavac, que não é das mais eficazes, não conseguirá evitar os problemas.
A possibilidade de uma terceira onda é grande. Além disso, para complicar a economia, neste ano, teremos uma grave crise hídrica. Dependemos muito das chuvas para ter energia.
O próprio Bolsonaro já foi informado da crise e a anunciou dizendo que será uma grande dor de cabeça.
Normalmente essas crises dependem do regime de chuvas, mas os governos de plantão se desgastam. No caso do governo Bolsonaro até que é justo pois ele não dá a mínima bola para o desmatamento sem perceber que isso atinge diretamente os próprios fazendeiros que ele diz defender.
A realidade é muito dura. Negar a pandemia nos levou a um patamar de mais de 420 mil mortos, provavelmente 600 mil até o meio do ano.
Negar o aquecimento e a relação entre os diferentes elementos da natureza contribui para grandes secas e eventos extraordinários.
Por mais que a gente avise, não adianta porque são muito orgulhosos da própria ignorância. Resta esperar que compreendam um pouco quando se veem diante das consequências.
Hoje é sábado, apareceu um discreto sol e pude sair. Na Praça Nossa Senhora da Paz onde encontrei filha e neto havia muitas crianças e até um aniversário era comemorado. Brinquei com um avião, alguns lances felizes, outros ridículos. Enfim, os netos perdoam tudo.
Fonte: Blog do Gabeira