Se há alguma coisa que mudou minha vida em 2020 foi a adoção do home office. Durante seis anos viajei praticamente toda semana, fazendo reportagens nos lugares mais remotos do Brasil. Subitamente, deixei Fernando de Noronha com um trabalho realizado, para não voltar mais à reportagem.
Li hoje uma matéria do Economist falando do home office no passado da Inglaterra. E lembrei-me do home office na minha cidade, Juiz de Fora, também chamada de Manchester Mineira.
No meu bairro, havia muitas familias que tinham seus teares em casa e trabalhavam para as empresas, até que, num movimento oposto ao de hoje, foram levados a trabalhar nas fábricas, com horário e disciplina impostos pelo patrão.
O home office sempre existiu portanto. Só que agora, com a explosão digital, ele ganha outras dimensões e invade diferentes atividades humanas.
Outro dia, discutindo o futuro do Rio, alguém lembrou do centro da cidade que sempre foi objeto de planos de revitalização. Alguns chegaram a produzir bons resultados como a construção do Museu do Amanhã .
Sempre defendi que o centro fosse espaço onde as pessoas não apenas trabalhassem ou comprassem mas tivessem também a oportunidade de morar ali.
Nas minhas argumentações, não contei com a pandemia nem com a explosão do home office. Os prédios de escritórios no centro do Rio devem estar vazios e dificilmente se encherão de novo com o fim da pandemia. Muitas empresas descobriram as vantagens do home office.
Será interessante repensar o centro do Rio com esta nova perspectiva. Felizmente, temos agora um Secretário de Planejamento, Washington Fajardo, que conhece profundamente o assunto e poderá abordá-o com criatividade e audácia.
Quanto a mim, também gostei do home office. Para quem trabalha dentro de uma empresa, talvez ele represente mais conforto e descontração. Mas nada substitui o ar livre, a água dos riachos, a beleza da paisagem.
Fonte: Blog do Gabeira