Esta história da Petrobras vai dar muito o que falar no Brasil. Bolsonaro escolheu um general para presidi-la. Espera com isso, baixar os preços. Dificilmente conseguirá sem prejuízos para a empresa.
O valor de mercado da Petrobras já caiu só com o anúncio da mudança. Provavelmente, cairá mais na segunda feira.
Bolsonaro faz isto para agradar aos caminhoneiros. Ele vê as medidas como parte de sua campanha. O problema é que está financiando a campanha com dinheiro da Petrobras que, em parte, é dinheiro público.
Embora reconheça a importância econômica e política da Petrobras não consigo dissociá-la de seu produto, o petróleo. Acho temerário colocar tantas expectativas nesse campo, sem iniciar uma visão de alterar a política energética e pensar em outros caminhos.
Esta na verdade é a base da plataforma de Joe Biden. Não deveríamos ficar tão atrás do acontecimentos. Mas parece que Bolsonaro não vê com bons olhos as chamadas energias limpas. É um conservador, nesse sentido material. Talvez seja mais do que isso: apenas um homem que reflete em termos de votos e acha que organizar o país para novos tempos não rende os votos que precisa para se eleger.
Conforme previ, a Câmara jogou Daniel Silveira no mar. O episódio foi apenas mais um confronto com as forças que querem dar um golpe no Brasil. Muitos observadores acham que a prisão era desnecessária ou ilegal. Acontece que ele já era investigado em processos de atividade antidemocrática e fala de golpe num contexto muito especial: os militares estão no governo e Jair Bolsonaro na presidência.
As instituições que funcionam como contrapeso, Congresso e STF, tinham de dar uma resposta. O ideal seria a própria Câmara cuidar rápido do assunto e deixar que o processo seguisse no Supremo.
É um aprendizado para a próxima, caso exista próxima a curto prazo.
É impressionante o avanço da Covid-19 no interior de São Paulo. Araraquara vive um lockdown. Os cientistas continuam pedindo que o governo se interesse pela nova variante e estimula o processo de sequenciamento do vírus e o cuidado em rastrear a doença.
Nada disso está acontecendo na escala necessária. Algumas entrevistas repetem o que tenho dito aqui: no exterior há mais interesse pela variante brasileira do que dentro do país.
O Ministério da Saúde resolveu mudar a estratégia de vacinação. Ao invés de guardar uma segunda dose, tudo será aplicado agora, na expectativa de que a segunda dose chegue a tempo.
Com isso, mais gente será vacinada. Nas circunstâncias de escassez, talvez tenha sido uma boa ideia.
Amanhã no Maracanã, partida decisiva do campeonato brasileiro: Flamengo e Internacional. Se fosse em outros tempos, o estádio ficaria muito cheio. E o nada confiável time do Flamengo seria empurrado pela sua torcida. Sem ela, são muito sem alma.
Fonte: Blog do Gabeira