A sexta está ocupada com dois temas. Na política, a Câmara vai lançar Daniel Silveira ao mar, possivelmente, acentuando a excepcionalidade do caso. A ideia também é de mostrar que não aceitará facilmente prisões de outros deputados.
Na economia, as ações da Petrobras caem porque Bolsonaro deu a entender que vai intervir na empresa. Ele diz que não vai intervir, mas anuncia que as coisas vão mudar por lá.
A Petrobras define o preço da gasolina a partir das oscilações internacionais. Elas não dependem do Brasil. Bolsonaro sabe disso e pede mais transparência.
Mas os aumentos de preços são divulgados em todo o mundo. Ele está querendo consolar os caminhoneiros que são sua base política. Vai suprimir o imposto do diesel sem apresentar alternativa de arrecadação. Isso é complicado.
Bolsonaro pensa nos caminhoneiros mas não analisa muito a situação estratégica do petróleo. É uma fonte de energia que tende a ser superada porque contribui com o aquecimento global. E as vezes sofre também com as mudanças climáticas e eventos extremos, como agora no Texas.
Toda esse malabarismo para ajudar aos caminhoneiros talvez ficasse mais barato e menos dramático se houvesse um financiamento para que passassem para veículos elétricos, assim como uma estrutura de abastecimento desse tipo de veículo.
A era do petróleo está acabando, apesar da relativa abundância do recurso. É um lugar comum dizer que temos pedras em quantidade, mas a a idade das pedras acabou.
Os populistas não entendem ou não querem entender o rumo do mundo. Daí suas afirmações cabalísticas: pode aumentar os preços desde que seja com transparência. Como se os preços internacionais mudassem secretamente numa conspiração contra ele e os caminhoneiros.
O resultado de tudo isso é queda nas ações da Petrobras. Mais econômico seria investir no futuro.
No campo das vacinas, Pazuello tem dobrado suas promessas. Afirmou que os prefeitos vão receber quatro milhões de doses e não precisam guardar a segunda dose e sim gastar todas porque garante uma reposição dentro do prazo.
Pazuello tem prometido mundo. As vacinas são um produto muito procurado no mercado internacional. Algumas delas, como a Sputnik V e Covaxin, nem foram analisadas pela Anvisa. Além disso, o suprimento de INFAs, insumos farmacêuticos depende da China e da Índia.
Enquanto isso, a variante amazônica do coronavírus está se espalhando sem que o governo reconheça o perigo dessa nova aparição do vírus.
Os prefeitos e governadores pressionam o governo federal. Mas deveriam sentar para apresentar uma alternativa: do governo central dificilmente sairá uma diretriz para a crise.
Fonte: Blog do Gabeira