Hoje foi dia de vacinação para quem tem 80 anos. Vacinei-me no Planetário da Gávea, exatamente defronte ao posto de saúde onde costumo me vacinar contra a gripe.
Fiquei bem impressionado com a eficácia e gentileza dos funcionários. Ajudaram a todos, inclusive filmaram a vacinação para aqueles que queriam fazê-lo.
Estranho se vacinar no auge da crise. Mais do que nunca, desejamos que a vacinação seja maciça. Os hospitais estão cheios. Ex-ministros da saúde propõem um lockdown.
É medida complicada no Brasil. De um lado, há a posição aberta do presidente Bolsonaro contra todas essas medidas propostas pela ciência. De outro lado, uma parte da população vivendo como se a pandemia não existisse. As pessoas sabem que ela existe, mas decidiram levar sua vida pessoal, sem concessões.
Essa rebeldia coletiva torna muito difícil controlar com um lockdown. É uma medida tão desgastante que precisa ser cem por cento vitoriosa para compensar.
Talvez seja por isso que alguns governadores decretaram apenas toque de recolher cobrindo parte da noite e a madrugada. Todos sabem que o vírus não é notívago apenas. Mas estas medidas dão uma certa satisfação aos que esperam algo dos governos e, simultaneamente, não produzem tanto desgaste.
O problema é que com medidas tímidas não conseguiremos atacar a pandemia, baixando o número de contaminados e de mortos.
A vacina ajuda, mas ela funciona melhor em grandes quantidades.
Ficou bem claro para mim o que se fala com insistência: o mecanismo de vacinação no Brasil é desenvolvido. Temos capacidade de vacinar dois milhões de pessoas por dia. Mas faltam as vacinas.
Nesse ritmo, não conseguiremos obter o atual resultado de Israel até o fim do ano. Eles conseguiram vacinar metade da população. Considerando o numero de habitantes de Israel, os números não impressionam. Com as vacinas que Israel comprou o sistema de imunização brasileiro talvez pudesse imunizar todo mundo por lá, em cinco dias.
Esbarramos sempre na falta de visão do governo. Israel comprou mais vacinas do que precisa. Assim o fez também o Canadá. Israel está mandando vacinas para alguns países, exercitando a diplomacia da vacina. No entanto, não a distribui entre os palestinos que estão bem próximos. Deveria ser não apenas uma questão de segurança mas também uma questão humanitária estender a mão, no caso a seringa, para os vizinhos.
Devemos continuar atentos porque os próximos dias são decisivos. O clima entre epidemiologistas é de muita apreensão. E eles entendem bem, apesar de todos nesse primeiro ano terem confessado que estiveram no principio diante de algo muito desconhecido.
Postei minha vacinação no Instagram e são tantos os comentários generosos que não consegui até agora responder a todos. Sigo tentando pelo fim de semana.
Obrigado, que venha a vacina para todos.
Fonte: Blog do Gabeira