Hoje estamos às voltas com estranhas notícias. Em Manaus interromperam a vacinação porque não estavam respeitando as prioridades. Compreendo que todos estejam indignados com isso. Mas vivendo no Brasil e conhecendo o país, seria melhor ter preparado um esquema de vigilância.
Só agora, a prefeitura de Manaus vai fazer uma lista de prioridades com o governo. Já deveria estar pronto e ser mostrada para as autoridades federais, inclusive MP.
A AGU, órgao do governo federal, pediu que os caminhoneiros fossem incluídos na lista de prioridades para vacina. Pediu à justiça, como se a justiça fosse a encarregada de definir prioridades e não as autoridades sanitárias que conhecem a pandemia e os métodos de combatê-la.
Acho compreensível que os grupos queiram ser prioritários. Trabalhadores de saúde, professores e outros que possam ser incluídos na lista.
O problema é apenas este: quem define prioridades. Se as escolhas forem políticas, acontece o que aconteceu em Manaus, gente que não era para ser vacinada na frente, fura a fila.
Circula na internet um vídeo engraçado de um jovem que defende a prioridade para os pagodeiros que estão por toda a parte cantando. Ele é radical, acha que quem não beija nem transa e fica em casa vendo a Netflix tem de ir para o fim da fila.
Deve estar chegando hoje o lote de dois milhões de vacinas exportadas da Índia. Vai haver um grande movimento do governo porque afinal sua aposta foi na vacina Oxford-AstraZeneca e ela está chegando.
Nessa sexta feira aproveito para dar uma olhada nos jornais de todo o mundo. Nada de muito animador na Europa. Portugal está com um alto número de mortos em proporção à densidade habitacional do país. Fala-se em pedir ajudar ao exterior pela exaustão do sistema de saúde.
Na Inglaterra, os hospitais também estão cheios e falam em planos para racionalizar o oxigênio.
Aqui no Brasil, São Paulo entrou de novo numa fase mais restritiva, com 70 por cento das UTIs ocupadas.
Não é fácil vencer esse vírus. Mesmo em países que têm dirigentes voltados para enfrentar a pandemia.
Biden iniciou sua gestão definindo uma política nacional de combate ao coronavírus. Peço isso no Brasil desde quando o vírus estava ainda em Wuhan.
Fonte: Blog do Gabeira