Apesar de sábado, o dia foi cheio de notícias importantes. A que me chamou a atenção foi a entrevista do prefeito de Porto Velho, Rondônia, Hildon Chaves. Ele afirma que a cidade está perto de uma tragédia humanitária e que o sistema de saúde da capital entrou em colapso.
Importante registrar isto porque não há condições das autoridades federais dizerem que não sabiam, foram surpreendidas pela crise em Rondônia, que aliás já mencionei aqui.
Outra notícia importante é que pressionado o Procurador Augusto Aras decidiu por uma investigação sobre o comportamento do General Pazuello na crise de Manaus.
Aras recusou estender sua investigação ao presidente, mas pelo menos admitiu que há algo a ser examinado na ação do Ministério da Saúde.
Outra notícia: Gilmar Mendes deu uma decisão a favor de Flávio Bolsonaro, impedindo que fosse examinada a possibilidade de levar o caso do filho do presidente de novo para a primeira instância.
Interessante isto, porque o Supremo não costuma reconhecer direito a foro privilegiado a quem já deixou o cargo, como é o caso de Flávio, que não é mais deputado estadual.
Gilmar disse que o caso está paralisado até o julgamento do mérito. Acredito que ele, ou mesmo o próprio STF, queira continuar com poder de decisão sobre o tema.
Enquanto estiver na mão do Supremo, há uma carta forte na relação com Bolsonaro. Posso estar enganado, mas enxergo as coisas assim em Brasília, um complexo jogo de poder.
Surgiu uma notícia estranha no Rio: 16 unidades de saúde estão sem roupa de cama. A empresa alega que não foi paga e que a dívida da prefeitura é de R$ 2,5 milhões.
É possível imaginar o desconforto numa unidade de saúde já sem dinheiro. Mas esse desconforto é muito maior sem roupa de cama limpa.
A empresa deu um prazo até dia 30 de janeiro para retirar a roupa de cama do Hospital Ronaldo Gazolla, que é uma referência para Covid-19.
A Prefeitura disse que vai substituir a empresa em caráter emergencial. Mas não se pagar, tudo indica que o problema vai se repetir.
As vacinas da Oxford começam a ser despachadas para os estados. Há muito zumzum sobre gente furando fila e quebrando as prioridades. Se não houver um controle, isto vai acontecer. Não adianta lição de moral apenas. É necessário um esquema de controle e deveria ser feito pela própria cidade. Basta obrigar a prefeitura a indicar no site oficial o nome dos vacinados. E de vez em quando checar se estão realmente fazendo o trabalho. Isto pode ser feito pelo Ministério Público.
Raoni, o grande líder dos caiapós, entrou com denúncia contra Bolsonaro no Tribunal Internacional. Não foi destaque aqui mas o tema ganhou a primeira página do Le Monde.
Já existem quatro pedidos semelhantes contra Bolsonaro.
Raoni é mais respeitado na França do que no Brasil. O ex- presidente Jacques Chirac costumava recebê-lo e pensou em ajudá-lo a montar um instituto no Xingu.
Hoje é sábado, calor e água quente, registro que vi apenas um filme interessante esta semana. O tempo está curto. Chama-se Volare, é um filme italiano que conta a história de um menino autista e seu pai cantor, também com alguns problemas: eles saem numa longa viagem, inclusive de moto, pela Itália, Eslovênia e Croácia.
Gostei. O menino Vincent e a música que o pai canta para ele é a Starry Starry Night, a canção tema do filme sobre Van Gogh e também titulo de um dos seus célebres quadros.
Fonte: Blog do Gabeira