25 de abril de 2024
Adriano de Aquino Colunistas

Não sou amante de automóveis

Desde sempre preferi ‘os veículos de duas rodas’. Minha atração por esse tipo de veículo foi ainda maior quando assisti o filme Easy Rider, onde essa categoria de veículo se consagrou na minha geração como símbolo de ousadia e liberdade.

Bem antes, na geração dos meus pais, ‘os veículos de duas rodas’ eram para mim associados a Marlon Brando,ícone da rebeldia hollywoodiana “O Selvagem” e James Dean, na era dos sonhos em preto e branco. Meu contato infantil com essa máquina dos sonhos se tornava real,colorida de tridimensional quando tio Oyama,irmão mais velho da minha mãe, aparecia no Leblon montado na sua Indian Chief, com sua jaqueta de couro ‘Perfecto’ traje oficial dos indomáveis e símbolo da gente descolada da época.

Até os dias de hoje,o modelo, com mais ou menos bolsos, mais ou menos zíperes, mais ou menos botões de pressão, é revivido e ‘socializado’ nas concepções neoclássicas😏 mais caretas e caras de Yves Saint Laurent, Balmain e Berluti. O que no lançamento custava 5,5 dólares, em pouco tempo, tornou-se um líder cult e, hoje, uma versão ‘chic’ só pode ser comprada por hipsters cheios da grana.

Ué! Por que toda essa lenga lenga se quero falar de um debate virtual sobre o liberalismo / livre mercado x socialismo moreno, na versão progressista pós moderna?

Me chamaram pra dar pitaco no assunto. Preferi não opinar. Apenas lancei algumas sementes da discórdia para tirar maior proveito como observador.

O ponto alto do debate foi ‘motorizado’ digamos assim, explica minha introdução à matéria.

A politização de tudo, inclusive ‘dos veículos de duas rodas’, revela o alto grau do sentimentalismo histérico sobre temas racionais.

Num ponto da contenda, o debatedor liberal/ livre mercado perdeu a paciência e provocou o progressista assim:

“Hipocrisia, você circula pela cidade e as praias no seu Land Rover Range Rover 2021 turbinado e blindado de mais de R$792.950 e defende o controle estatal da economia. Se a ‘ditadura do proletariado’ tivesse saído vencedora você hoje estaria circulando por aí um modelo Lada Granta, upgrade do modelo soviético que o czar Vladmir Putin, em um evento da indústria automobilística de ponta, tentou ligar em vão. O potente se negou a funcionar.

E, mais ainda, Land Rover não o Lada, se tornou uma preferência entre os aspones do petismo a ponto de virar alcunha de um membro do ‘alto’ escalão petista da era Lula” enrolado em corrupção da pesada.”

O amigo socialista moreno/progressista, retrucou usando o mantra de praxe: “Tudo contra Lula e o PT é fake news”

Então, para endurecer o debate, o liberal / livre mercado, compartilhou um texto bem humorado (link abaixo), intitulado ‘Lada Laika – O Comunista Móvel’ de autoria Ricardo Varoli-GearHeadBanger, postado em 2011,silenciando até o momento o nosso amigo ‘progressista,’ defensor incondicional do líder petista, o qual ele considera um ícone da ética e da moralidade, gestor competente e único político brasileiro capaz de derrotar o capitalismo ‘selvagem’ (sic)… “o domesticando para seu próprio uso” ironizou o liberal.

Abaixo um trecho do referido artigo que silenciou, até o momento, o debatedor socialista moreno:

Mother Russia, Dance of the Tsars, Hold up your heads, Be proud of what you are…

Então a Motherland chama novamente.

Comunismo, mísseis, caçadas à outubros vermelhos, Perestroika, AK-47, cidades que brilham no escuro… Parece que a União Soviética e a Rússia sempre têm algo de interessante e peculiar para contar. Mas, caros amigos, vou contar sobre o camarada vermelho motorizado, o Lada Laika.

A história do автомобиль começa em 1970(…) A mecânica é da época da cortina de ferro, praticamente intocada até hoje. Seu interior espartano soviético é algo que sobreviveu ao tempo de forma gloriosa, afinal, para que frescurites quando se tem um voltímetro no painel (saber os volts da bateria deve ter alguma utilidade na Sibéria – Ver update abaixo) e um toco de ferro que alegraria uma briga de bar que a AutoVaz chama de alavanca de câmbio?(…) O Laika veio do VAZ 2101, que era uma semi-cópia do Fiat 124. Deram uns tapas na carinha bonita e ele ficou, quase, como o conhecemos hoje. É fabricado pela AutoVAZ e teve versões sedan e station wagon (perua, se preferir).

Foi concebido para ter alta confiabilidade mecânica, baixo custo de manutenção e o mais importante, ser barato. Como não tinha concorrência na Rússia, nunca tiveram a preocupação de deixá-lo bonito aos olhos. No melhor estilo comunista, se funciona, não tem porque ser bonito.”

O problema é que não funciona e não é bonito, seguro e confortável.

Reparem que os dois veículos são vermelhos, ajustados à logomarca cromática da bandeira dos socialistas globalistas.

Adriano de Aquino

Artista visual. Participou da exposição Opinião 65 MAM/RJ. Propostas 66 São Paulo, sala especial "Em Busca da Essência" Bienal de São Paulo e diversas exposições individuais no Brasil e no exterior. Foi diretor dos Museus da FUNARJ, Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, diretor do Instituto Nacional de Artes Plásticas /FUNARTE e outras atividades de gestão pública em política cultural.

Artista visual. Participou da exposição Opinião 65 MAM/RJ. Propostas 66 São Paulo, sala especial "Em Busca da Essência" Bienal de São Paulo e diversas exposições individuais no Brasil e no exterior. Foi diretor dos Museus da FUNARJ, Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, diretor do Instituto Nacional de Artes Plásticas /FUNARTE e outras atividades de gestão pública em política cultural.

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