6 de outubro de 2024
Adriano de Aquino

Redenção Capital ou por via do Capital


O pintor Amedeo Clemente Modigliani, morreu aos trinta e cinco anos, em condições de extrema pobreza material, vítima de meningite tuberculosa, agravada pelo excesso de trabalho, álcool e drogas. Sua obra pictórica foi feita à custa de muito sofrimento material e artístico tendo em vista que sua pintura figurativa não era o ‘hit’ de um momento em que a arte pictórica, confrontada à fotografia e a muitas experiências técnicas e formais, encontrava forte resistência nos meios intelectuais da vanguarda da ocasião.
Como Modigliani, esteja onde estiver,receberia a notícia de que um nu de sua autoria foi arrematado – ontem – em um leilão em Nova York,por U$157 milhões?
Certamente, as questões monetárias só afligiam o pintor enquanto vivo.
Porém, para seu homônimo, Franco Modigliani(economista) e um dos autores do Teorema Modigliani-Miller (Merton Miller) a estrutura de capital, forma, sem dúvida, a base do pensamento moderno no tocante a finanças. O teorema básico vai do processo de fixação de preços de mercado (passeio aleatório), a ideia de mercado eficiente, passando por informação assimétrica.
No caso especifico dos negócios de arte, a informação assimétrica é uma ferramenta eficaz. Além de misturar o preço de venda com o valor intrínseco do objeto artístico, soterra-se de vez o modo e as características especificas da produção e o investimento inicial.
No tocante aos ‘produtos’ artísticos em negociação empresarial de grande monta, como nos leilões, pouco importa os dados de caráter cultural.
Tudo indica que Picasso, um entre muitos colegas contemporâneos, entendeu claramente que a informação assimétrica é uma alavanca para promover suas vendas,enquanto vivo.

Adriano de Aquino

Artista visual. Participou da exposição Opinião 65 MAM/RJ. Propostas 66 São Paulo, sala especial "Em Busca da Essência" Bienal de São Paulo e diversas exposições individuais no Brasil e no exterior. Foi diretor dos Museus da FUNARJ, Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, diretor do Instituto Nacional de Artes Plásticas /FUNARTE e outras atividades de gestão pública em política cultural.

Artista visual. Participou da exposição Opinião 65 MAM/RJ. Propostas 66 São Paulo, sala especial "Em Busca da Essência" Bienal de São Paulo e diversas exposições individuais no Brasil e no exterior. Foi diretor dos Museus da FUNARJ, Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, diretor do Instituto Nacional de Artes Plásticas /FUNARTE e outras atividades de gestão pública em política cultural.

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