19 de setembro de 2024
Ricardo Noblat

Em julgamento, os presentinhos e os presentões para presidentes

Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa

Então presidente da República, Lula poderia ter ficado com o relógio Cartier, avaliado em R$ 60 mil, que recebeu de presente em 2005? E Bolsonaro, com o relógio Rolex, avaliado em R$ 418 mil, que recebeu de presente em 2022?

Bolsonaro vendeu o Rolex, mas ao ver-se depois em apuros, recomprou-o, devolvendo-o ao acervo do Estado brasileiro. Quanto ao relógio Chopard, avaliado em R$560 mil, que ele também recebeu de presente, ainda não se tem notícia.

Segue desaparecido outro relógio, da marca Patek Philippe, presenteado a Bolsonaro pela ditadura do Reino Bahrein. O valor das joias desviadas por Bolsonaro pode ser superior a R$ 6,8 milhões, segundo cálculos da Polícia Federal em julho último.

O Tribunal de Contas da União decidirá, hoje, se Lula poderá ficar com o Cartier ou se terá de devolvê-lo. O relógio foi dado a Lula pela Cartier. À época, não existia lei que estabelecesse limites para o valor dos presentes que os presidentes poderiam levar para casa.

Isso não os impedia, porém, de saber quando estavam diante de um presentinho, de um presente ou de um presentão; de um simples relógio ou de uma joia de alto luxo. À época de Bolsonaro, a lei estabelecendo limites já existia, e ele simplesmente a burlou.

Essa é a maior diferença entre um caso e outro, mas não é a única. Lula nunca escondeu o Cartier que às vezes carrega no pulso. Bolsonaro vendeu o Rolex para fazer dinheiro e ainda não esclareceu o que fez com o Chopard, o Patek Philipe e outras joias.

Lula estava em visita a Paris ao receber o Cartier. O Rolex de Bolsonaro entrou no Brasil na mala de um ministro e não foi declarado à Receita Federal. Na ocasião, a Receita apreendeu um kit de joias presenteadas a Michelle, mulher de Bolsonaro.

Fonte: Blog do Noblat

Ricardo Noblat

Jornalista, atualmente colunista de O Globo e do Estadão.

Jornalista, atualmente colunista de O Globo e do Estadão.

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