Dia complicado. Os números de mortes continuam altos. O líder do governo, deputado Ricardo Barros, disse que o Brasil está até numa situação confortável. Não explicou confortável para quem. Para uma centena que morreu esperando vaga na UTI não estava nada confortável. Para outros que se espremem nas enfermarias, não está nada confortável. Para as famílias de 280 mil mortos também não está nada confortável
Discordo da cobertura que tem sido feita da substituição do Pazuello. A cerimônia de hoje na Fiocruz, com a entrega de 500 mil vacinas, foi montada para dar uma saída honrosa ao general derrotado. Ele disse que o novo ministro segue sua cartilha e ambos obedecem a política do governo Bolsonaro. Então por que substituí-lo?
As manchetes falam da primeira leva de produção nacional de vacinas pela Fiocruz. Também discordo, talvez por ignorância. Devem saber mais do que eu. Pelo que sei a Fiocruz está envasando em frascos o insumo farmacêutico que veio da China. Isto, no meu entender, não é produção nacional.
As empresas americanas que foram para o México apenas montavam os produtos eram chamadas de maquiadoras. Uma coisa é produzir, outra é montar ou envasar.
Algo que me deixa meio estranho, coisas que nunca me acostumo no Brasil, é essa falsa visão otimista de certos setores da imprensa. Dizem que o novo ministro da saúde é diferente porque pede para usar máscaras e álcool gel. Sinceramente, em qualquer país civilizado do mundo, até o ascensorista pede para usar máscara e álcool gel. Isto não capacita uma pessoa para enfrentar o epicentro mundial do coronavírus no momento.
Ah mas o ministro também aceita o isolamento social. Só os psicopatas o negam. Aceitar algum tipo de isolamento social, de forma vaga, defender máscaras e álcool gel, no meu entender, ainda não as qualidades decisivas para enfrentar essa batalha.
Não vou me alongar muito. Noto que a pesquisa feita pelo Datafolha revela que 54 por cento dos entrevistados condenam a condução da pandemia por Bolsonaro. Já é um avanço. Mas também não é assim tão animador. Em termos internacionais, Bolsonaro é considerado o pior gestor da crise sanitária do mundo.
Enfim, estamos no Brasil, vamos com calma, mas sem perder a perspectiva.
Fonte: Blog do Gabeira