28 de março de 2024
Walter Navarro

São Jorge, me empresta o Dragão, please…

Não, a Dilma não… Aquilo é canhão! Se ainda fosse canhão de Navarone…
Quero é aquele que você fica espetando do alto do teu garboso cavalo branco.
Pra eu economizar isqueiro, tá ligado?
Se você não me emprestar vou ter que pedir um dragão pra gostosa da Daenerys Targaryen, do “Game of Thrones”. Ela tem ou tinha três, mas, se ela estiver pelada, vou querer outro fogo. Que princesa cor de rosa!
Mas é isso aí! Salve Jorge, porque hoje é teu dia 23 de abril, “mon cher”!
Não tenho santo de preferência. Está comigo, está com Deus. Milagre é bom e eu gosto.
São Jorge é um pouco especial porque é o santo do meu Corinthians, que me faz sofrer muito menos que o Galo. Três vivas neste 23 para o Corinthians Tricampeão e Hermes Trismegisto, porque os alquimistas, fascistas e dentistas taxistas estão chegando!
O único defeito do Corinthians é ter outro torcedor ferrenho, Lula. Mas, mesmo aí, São Jorge mostrou sua força e fez dois milagres no Brasil: prendeu Lula e não abre, não deixa soltá-lo!
E tem aquela piada ótima, do “Tira, Jorge; Põe, Jorge”, que não vou contar porque seria falta de respeito, neste 23 de abril, dia de tantos amigos Jorge. Mas recomendo ir ao São Google e digitar: “piadas + tira Jorge, põe Jorge”. Uma das melhores piadas que conheço, 100% nonsense.
E no mesmo Google vocês podem verificar que São Jorge é o santo mais procurado: “Também conhecido como Jorge da Capadócia e Jorge de Lida foi um soldado romano no exército do imperador Diocleciano, venerado como mártir cristão. São Jorge é um dos santos mais venerados É imortalizado na lenda em que mata o dragão”. Não falei?
São Jorge era foda! Vejam os nomes que o cercam. Nascido na Capadócia, adoro! Filho de Gerôncio e Policrômia!
Fantástico. Aos 23 de abril, quer dizer, aos 23 anos, foi morar em Nicomédia… 23 de abril de 303 é a data de sua morte. Foi degolado, depois de mil torturas, na mesma Nicomédia, a mando do mesmo imperador Diocleciano…
O imperador queria que Jorge venerasse os deuses romanos, mas Jorge, cristão, já tinha combinado bacalhau de Páscoa, jejum de Quaresma e peru de Natal com Jesus.
Cristão, naquela época, era mais ou menos o evangélico de hoje e o judeu de sempre. Sempre perseguidos. E Jesus era judeu e Cristo recheado de evangelhos.
A diferença é que, hoje, pelo menos no Brasil, todo bandido arrependido vira evangélico, já botaram reparo? Será que Lula já está evangélico? Não! Só se for enviado a um presídio. Enquanto tiver as mordomias vai continuar ateu e ladrão presidiário. O problema é o STF de Pilatos e Judas.
Misturar política, religião e Corinthians não dá certo. É problema na certa.
Por isso acho que o Bolsonaro tinha que parar com este negócio de citar bíblia, Deus e o Palmeiras em vão. Bolsonaro é católico, mas quem manda em casa é a mulher do machista, Michelle. Ela sim, é evangélica… Aí já viu né? Ajoelho, não rezou, o pau não comeu…
O primeiro a falar que o Brasil é um estado laico é ele mesmo, Bolsonaro… Meio difícil, na terra dos órfãos e correligionários de Jorge, Oxossi e Ogun.
Por isso, adiantou nada Bolsonaro cantar para Adélio aquela do Jorge Ben: “facas e espadas se quebrem, sem o meu corpo tocar, cordas e correntes se arrebentem, sem o meu corpo amarrar, pois eu estou vestido com as roupas e as armas de Jorge…”.
Onde entra o dragão nesta história?
É outra história. É outro Jorge, inglês, misturado com o da Capadócia que, na Líbia, mata o dragão que ameaçava o povo e comia todas as meninas da cidade.
A única donzela que sobrou era Sabra, filha do Rei… Aí deu uma confusão…
Dizem que Jorge matou o dragão fedorento e malvado com sua lança ou com sua espada, casou ou fugiu com Sabra e foram feliz para sempre ou não, na Inglaterra ou na Escócia, bem longe da Líbia, da Capadócia e, pelo jeito, da verdade.
Mesmo assim e na dúvida, Salve Jorge e, me empresta o dragão! Não, a Dilma não, prefiro aquele do Glauber, o “Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro”, de leve…
PS: Roberto: Se você passar por aqui novamente com esse dragão, eu vou telefonar para São Jorge, para ele espantar essa assombração. Roberto corta essa, pois lugar de dragão é na caverna. Ou então, Roberto, peça com carinho: “põe Jorge, tira Jorge”!
Walter Navarro

Jornalista, escritor, escreveu no Jornal O Tempo e já publicou dois livros.

Jornalista, escritor, escreveu no Jornal O Tempo e já publicou dois livros.

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