6 de maio de 2024
Editorial

Uma análise fria, simplista e… conformada

Imagem: Google Imagens – Metrópoles

Sei que muita gente vai me criticar… me apontar e dizer que desisti, mas não é isso. É uma constatação…

A invasão dos prédios dos 3 poderes não era o que se queria. Jamais! O caminho nunca foi ou poderia ser este. O extremismo nunca é sadio.

Os manifestantes foram usados como massa de manobra, ou bucha de canhão, como preferirem. Lideranças extremistas incendiaram aqueles que estavam à frente das pacíficas manifestações.

Em todas as manifestações feitas durante o governo de Bolsonaro nunca houve violência. Aqueles que estavam à porta dos quartéis, após as eleições, pediam algo improvável nos dias de hoje. O SOS FFAA soou muito bem para quem estava ali no grupo de manifestantes. É o que eles queriam ouvir, mas…

No mundo globalizado de hoje, um possível golpe militar sujeitaria o país, possivelmente, a inúmeros embargos até mesmo da ONU. Temerário e perigoso. É algo inimaginável em qualquer país nos dias de hoje. Não daríamos conta de nos manter.

Um exemplo é a Rússia. Os embargos impostos pelos países da OEA estão, praticamente, arrasando sua economia. E, vale notar, que ela se preparou anos para esta guerra, e que, os países europeus dependentes do gás russo estão sendo obrigados a pagar o valor pedido por eles, já que a concorrência é ínfima e este “bem”. Nossa força é o agro, mas imaginem se nossos compradores não pudessem mais comprar de nós. Como ficaríamos?

Na realidade, uma turba de meliantes, agitadores e vândalos, infiltrados nos grupos que lutavam contra o resultado das eleições, optou por invadir o Planalto, o Congresso e o STF. Não era o que queria a direita conservadora. Não era o que queria o ex-presidente e muito menos seus apoiadores direitistas e conservadores.

Esta ação foi alimentada por extremistas que precisavam “se tornar líderes”, e, infelizmente, isso aconteceu. Como se diz no ramo das seguradoras e segurados: foi “Perda Total”!

Qualquer manifestação contrária, ou mesmo favorável, a qualquer governo perde sua essência quando vem acompanhada da violência.

Sim, o nosso Poder Judiciário tem extrapolado em suas atribuições constitucionais, mas precisamos ter calma e consciência de que não é desta forma que conseguiremos reverter isso. Há meios constitucionais.

O Senado é o caminho constitucional. Rodrigo Pacheco, presidente inoperante, claramente, por receio do STF, assim como a maioria dos senadores e deputados, tem que pautar os pedidos de impeachment ali represados para avaliação das atitudes do Poder Judiciário. Se serão válidos ou não é para posterior avaliação.

Temos meios constitucionais de conseguir o que é preciso para retornar ao estado de direito, se este for o problema. Uma coisa que precisa ser avaliada por nossos congressistas é este poder que os presidentes das Casa têm. A pauta deveria ser obrigatória desde que composta pelo número de assinaturas necessárias conforme os respectivos regimentos.

Infelizmente, a regra do jogo eleitoral estava explícita. Só aderiu a ela quem quis, quem a aceitou. É verdade que não participando, quem não concordasse estaria aceitando que o poder fosse entregue a quem não se gostaria, mas se as regras não eram aceitas, por que participar?

Quando as regras do jogo eleitoral – sem o voto impresso, sem o total das urnas auditáveis e sem a totalidade de transparência dos códigos-fonte, foram expostas, tinha-se uma opção: participar ou não do jogo. Se a opção – sem outra possível – foi participar, embora contra as regras, não se pode reclamar do resultado.

Esta é, evidentemente, uma análise mais do que simplista… mas realista.

Não foi possível adequar as regras, já que, com a interferência do ativo ministro Barroso, o Congresso não aprovou o voto impresso e auditável.

Esta alteração é a única forma de se permitir uma possível recontagem de votos, o que é permitido em qualquer lugar do mundo, mas, infelizmente, não foi aprovada a mudança necessária. Paciência, deve ser tentada na nova legislatura. Esta é a lei. Este é o regimento do Congresso. Com novos integrantes, quem sabe não conseguiremos mudar a lei eleitoral?

Culpa do nosso sistema eleitoral? Sem dúvida, mas as regras estavam à mesa e foram aceitas já que ambos os lados participaram.

O ministro aposentado do STF Marco Aurélio Mello, conhecido por ter opiniões contrárias à corrente de Alexandre de Moraes, apontou o dedo para o próprio Supremo, que derrubou condenações impostas pela Lava Jato contra Lula, devolvendo a possibilidade de o petista disputar as últimas eleições.

“Os responsáveis estão no Brasil, no território nacional, considerando as forças repressivas, as Forças Armadas. Bolsonaro não tem o domínio dessas forças que estão na rua. Ele não tem culpa, está a muitos quilômetros daqui. Falhou todo mundo, e começou a falha no próprio STF, quando ressuscitaram, politicamente, o ex-presidente Lula, dando o dito pelo não dito, quando enterraram a Lava Jato, quando declararam a suspeição de Sergio Moro, que veio a ser resgatado politicamente pelo Estado do Paraná. O que começa errado, nós aprendemos quando garotos, não acaba bem. Estou estarrecido, e a única indagação que faço é: onde esteve o Estado que não previu isso e não tomou as providências cabíveis? Refiro-me ao Estado como um grande todo, não apenas ao governo do Distrito Federal. É algo impensável ter o STF depredado, ter o Congresso Nacional, e o Planalto depredados, como ocorreu. Vamos fechar o Brasil para balanço”.

Onde estavam os nossos “Órgãos de Inteligência” que não previram a invasão? Alô ABIN! Alô Polícia Federal! Alô Força Nacional! Alô governo do DF.

Sim, os órgão de inteligência avisaram, mas apenas há algumas horas do evento. Isso qualquer um de nós poderia prever. Que Inteligência é esta? Todos supúnhamos que poderia acontecer alguma coisa. A ABIN não? Ela tem 42 órgãos que integram o SISBIN (Sistema Brasileiro de Inteligência), entre eles a Polícia Federal, a Receita Federal, o Banco Central e a Secretaria de Operações Especiais Integradas do Ministério da Justiça. Ninguém que pudesse avisar antecipadamente o que iria acontecer?

Sim, falharam – por omissão, displicência ou negligência – o governo do DF, através de sua Secretaria de Segurança e, consequentemente, falhou o titular governo do DF. Se por desacreditar ou por apoiar, a ideologia não importa: falhou!

Falhou também e, principalmente, a ABIN, responsável por não antever atos contra o governo. Não discuto aqui a legalidade, apenas os atos em si.

Falhou o sistema de segurança dos 3 poderes. A segurança em cada um deles não era suficiente para conter a invasão. Isso também tem que ser investigado e avaliado.

Enfim, aconteceu o que não deveria ter acontecido. Um tiro no pé!!!

Temos que catar os cacos e seguir em frente.

Serão pelo menos 4 anos da esquerda no poder.

A direita deverá fazer dura oposição, e, pela nova formação do Congresso, terá a maioria. Vamos torcer para que os congressistas não abaixem suas cabeças e/ou abram seus gordos bolsos, e votem para aderir ao novo governo e aprovar suas propostas. Já vimos este filme.

Vamos aprovar o que servir e rejeitar o que não servir.

Esta é a verdadeira oposição!

Para encerrar, cito JR Guzzo em sua coluna no Estadão: “O Brasil precisa de paz e de ordem”!!!

Valter Bernat

Advogado, analista de TI e editor do site.

Advogado, analista de TI e editor do site.

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